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Refugiados nas ilhas gregas continuam em desespero

No próximo domingo assinalam-se dois anos desde o acordo entre a União Europeia e a Turquia sobre refugiados, mas as condições dos migrantes retidos nas ilhas gregas mantêm-se quase na mesma. A Médicos do Mundo, que se encontra no local desde 2013, apela a todos os agentes envolvidos para que “unam esforços e garantam o direito humano à saúde física e mental”.

Pretendia-se criar um mecanismo para acabar com o tráfico humano e prevenir que os refugiados utilizassem trajetos perigosos através do Mar Egeu. Contudo, esses objetivos continuam longe de ser alcançados, dois anos depois do acordo entre União Europeia (UE) e Turquia, assinado a 18 de março de 2016.

Embora o número de migrantes que chegam à Grécia tenha diminuído, cerca de 10 mil ainda continuam nas ilhas, onde se regista um fluxo constante de novas chegadas, cerca de 3000 só neste ano.

“Em 2017, outras 3000 pessoas morreram ou desapareceram na tentativa de chegar à Europa por via marítima. Os que chegam são muitas vezes obrigados a viver em condições desesperantes, em campos fechados e sobrelotados, durante meses”, alerta a Médicos no Mundo.

A situação no campo de Moria, na ilha de Lesbos, e no campo de Vial, em Quios, é quase tão grave como no auge da crise de refugiados.

“As pessoas vivem expostas ao frio e à chuva e num ambiente onde proliferam ratos, cobras e outros animais. O acesso a alimentos e a água potável é insuficiente e os chuveiros e casas de banho não têm quaisquer condições higiénicas. A violência contra as mulheres, especialmente a violência sexual, é constante e generalizada. Para além disso, há ainda o desespero de quem sofre com estas condições”.

Segundo conta Anastasios Yfantis, diretor de operações da delegação grega da Médicos do Mundo, “quando as pessoas chegam à Grécia não sabem o que lhes vai acontecer. Não têm acesso a informação sobre os seus direitos ou sobre o processo de realojamento. Entre eles estão pessoas idosas, menores desacompanhados e mulheres, muitas das quais vítimas de violência. Um cenário com impactos na saúde mental destas pessoas”.

Apenas uma parte dos 160 mil refugiados que a UE prometeu realojar foi realmente transferida de Itália e Grécia para outro país europeu. Também apenas um número reduzido de pessoas voltou à Turquia após o acordo. O processamento de pedidos de asilo e o realojamento no continente europeu decorrem a um ritmo muito lento.

“O fracasso deste acordo ocorre à custa da saúde física e mental dos migrantes que são obrigados a permanecer nas ilhas. A Médicos do Mundo volta a apelar à União Europeia e aos seus Estados-membros a assumirem a responsabilidade”, conclui Yfantis.

A atividade da Médicos do Mundo nas ilhas gregas

Em 2013, a Médicos do Mundo foi uma das primeiras organizações a chegar a Moria, em Lesbos. Em março de 2016, quando o campo de refugiados foi transformado numa instalação fechada, muitas das organizações retiraram-se do terreno.

Embora não tenha sido uma decisão fácil, a Médicos do Mundo decidiu manter-se neste local para garantir aos refugiados e migrantes não só o acesso a cuidados de saúde, como possibilidade de testemunharem as violações de direitos humanos.

Em junho de 2017, o Governo grego assumiu a responsabilidade pelo campo e dispensou as atividades da Médicos do Mundo. Contudo, a organização mantém intervenção em Lesbos, para prestar apoio médico e psicossocial aos migrantes mais vulneráveis, e um projeto na ilha Quios.

Redação

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