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Redução de calorias ou resveratrol poderão travar Doença de Machado-Joseph

Luís Pereira de Almeida, Janete Cunha-Santos e Cláudia Cavadas.

Luís Pereira de Almeida, Janete Cunha-Santos e Cláudia Cavadas.

Duas equipas do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra (UC) descobriram que a progressão da Doença de Machado-Joseph (DMJ) pode ser travada por uma redução de calorias controlada ou através da substância resveratrol, a qual está pronta a ser testada em ensaios clínicos.

Os resultados, publicados na revista científica Nature Communications, sugerem que os efeitos positivos verificados em ratinhos, que mimetizam a DMJ, não se revelam apenas ao nível dos sintomas, observando-se um bloqueio efetivo do desenvolvimento da doença.

“O estudo sugere que uma ligeira redução de calorias, extremamente controlada, sem incorrer no risco de malnutrição e com a presença de todos os nutrientes essenciais ao organismo, ou a administração de resveratrol, contribuem para a melhoria da coordenação motora, marcha, equilíbrio, neuropatologia e ativam o processo de reciclagem dos elementos envelhecidos e danificados das células (autofagia)”, clarifica Cláudia Cavadas, coordenadora de uma das equipas de investigação.

Luís Pereira de Almeida, coordenador da equipa parceira de investigação, salienta que “os efeitos benéficos obtidos são explicados através de um ‘regulador de informação’ presente nas células, chamado ‘sirtuina 1’, uma enzima cujos níveis aumentam no cérebro através da redução calórica ou administração de resveratrol.”

O investigador acrescenta que a equipa está neste momento “a desenvolver todos os esforços para testar os resultados do resveratrol em contexto de ensaios clínicos, algo que depende somente de financiamento.”

A Doença de Machado-Joseph é uma doença incurável, fatal e hereditária, de grande prevalência nos Açores, sendo caracterizada pela descoordenação motora, atrofia muscular, rigidez dos membros, dificuldades na deglutição, fala e visão, associadas a um progressivo dano de zonas cerebrais específicas.

A investigação foi financiada por fundos FEDER através do COMPETE – Programa Operacional Fatores de Competitividade via Fundação para a Ciência e a Tecnologia, pelos programas europeus E-Rare e JPND, pela AFM e pelo fundo privado Richard Chin and Lily Lock Machado-Joseph Research Fund.

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