Cultura

Recorde de 350 mil euros para ‘O Almoço do Trolha’, o quadro de Júlio Pomar

O quadro ‘O Almoço do Trolha’, da autoria de Júlio Pomar, foi ontem leiloado por 350 mil euros. Um valor recorde, em vendas do Palácio do Correio Velho, que superou os 309 mil euros pagos por ‘O Serão’, da autoria de Columbano Bordalo Pinheiro.

Um português, que optou por preservar a identidade, ofereceu 350 mil euros pela aquisição de uma obra icónica do movimento neorrealista português, ‘O Almoço do Trolha’, um quadro da autoria de Júlio Pomar.

Com esta licitação, vencedora, foi superado o recorde nas vendas da leiloeira Palácio do Correio Velho, que datava de 2001, quando ‘O Serão’, de Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929), foi arrematado por 309.255 euros.

Segundo uma fonte da leiloeira, citada sem identificação pela Lusa, ‘O Almoço do Trolha’ iniciou o leilão com uma base de licitação de 300 mil euros, mas os vários interessados nesta que é uma das telas mais importantes da obra Júlio Pomar, de 89 anos, cujo início da carreira esteve ligado à afirmação do Neorrealismo em Portugal, rapidamente abriram uma guerra de licitações.

Quando foi exposto pela primeira vez, em 1947, na segunda Exposição Geral de Artes Plásticas da Sociedade Nacional de Belas Artes, ‘O Almoço do Trolha’ ainda estava inacabado, uma vez que Júlio Pomar, então com 21 anos, se encontrava preso no Forte de Caxias.

A obras, com 150 centímetros por 120, só seria terminada em 1950.

A imagem retrata uma cena com uma família pobre, com um trabalhador da construção civil a comer um almoço modesto, sentado junto à mulher e ao filho.

Também da autoria de Júlio Pomar foi também vendido o segundo quadro de valor mais elevado na sessão: ‘Pizza III’ foi arrematado por 55 mil euros, também por um português que preferiu permanecer anónimo.

Só da autoria de Júlio Pomar há 23 obras em leilão, que está a decorrer até ao dia de hoje. Oito são originais e 15 são obras gráficas, sendo todas provenientes da coleção de Maria José Salvador e Manuel Torres, falecido este ano.

O colecionador Manuel Torres foi, na década de 1950, um dos sócios fundadores da Gravura – Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses, por onde passaram dezenas de artistas, tornando-se, ao longo de meio século, uma das principais divulgadoras da arte moderna em Portugal.

Refira-se que, quando o leilão foi anunciado, o Palácio do Correio Velho recebeu uma notificação da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) a dar conta da abertura de um processo de classificação do quadro ‘O Almoço do Trolha’.

O processo aberto pela DGPC pode demorar até um ano a estar concluído. De acordo com a Lei de Bases do Património Cultural, a partir do momento que se encontra em vias de classificação a obra fica legalmente protegida, mas a venda continua a ser possível desde que se mantenha no país.

Segundo a leiloeira, fundada em 1989, é a primeira vez que uma obra de um artista vivo é classificada pela DGPC.

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