Desporto

“Reconheço que Bruno de Carvalho não tem condições para continuar”, admite Eduardo Barroso

O antigo presidente da mesa da assembleia geral do Sporting, Eduardo Barroso, disse hoje que Bruno de Carvalho “não tem condições” para continuar à frente dos destinos do clube.

“Neste momento, devo reconhecer que ele não tem condições”, explicou o médico, na SIC Notícias, pouco depois de ter dito, na TSF, que “seria bom que Bruno de Carvalho se afastasse”, na sequência do clima de crise que atravessa o emblema de Alvalade.

Na opinião de Barroso, presidente da mesa entre 2011 e 2013, “é impensável” dizer que o líder sportinguista “é o mandante” das agressões levadas a cabo na Academia a jogadores e equipa técnica, mas recusou entrar em detalhes sobre a situação, uma vez que esteve fora do país até hoje.

Apesar de admitir que Bruno de Carvalho cometeu “muitos erros” ao longo da presidência, as agressões em Alcochete não foram um deles, e disse ainda que “não passa pela cabeça” que o presidente soubesse de um alegado esquema de corrupção no andebol e no futebol, mas explicou que o presidente dos ‘leões’ deve “fazer uma reflexão” e perceber que deve afastar-se.

“Bruno de Carvalho fez um trabalho notável de recuperação do Sporting. Neste momento, precisamos de alguém que consiga sarar as feridas que temos com os ativos desportivos, o nosso treinador, os jogadores, que são independentemente nas maiores ou menores responsabilidades. Neste momento, toda a gente se apercebeu que Bruno de Carvalho não tem essas condições”, explicou.

Apesar de defender o “sportinguismo e a qualidade humana” de Carvalho, o médico referiu que é preciso preparar a nova época e disputar a final da Taça de Portugal, no domingo, mesmo que “não tenha a mesma graça”, e apontou para os estatutos do clube como fonte de possíveis soluções alternativas, como a nomeação de uma “comissão de gestão”.

A polémica que envolve o Sporting agravou-se nos últimos dias, depois da derrota da equipa de futebol no domingo, no último jogo da I Liga de futebol, frente ao Marítimo, que fez o clube de Alvalade perder o segundo lugar para o Benfica.

Antes do primeiro treino para a final da Taça de Portugal, que vai disputar com o Desportivo das Aves, a equipa de futebol foi atacada na Academia Sporting, em Alcochete, na terça-feira, por um grupo de cerca de 50 alegados adeptos encapuzados, que agrediram técnicos e jogadores.

A GNR deteve 23 dos atacantes e as reações de condenação do ataque foram generalizadas e abrangeram o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e o primeiro-ministro, António Costa.

Face às críticas, Bruno de Carvalho negou hoje, em comunicado enviado à Lusa, qualquer responsabilidade pelo ataque na academia, rejeitou demitir-se da presidência do Sporting e anunciou que vai processar Ferro Rodrigues, bem como comentadores e jornalistas por o terem “difamado e caluniado” após os atos de violência em Alcochete.

Entretanto, a mesa da assembleia geral demitiu-se em bloco, vários membros do conselho fiscal e disciplinar renunciaram aos cargos e parte do conselho diretivo também se afastou, enquanto o empresário Álvaro Sobrinho, patrão da Holdimo, detentora de 30 por cento das ações da SAD do Sporting, pediu a demissão da direção.

Paralelamente, a Polícia Judiciária deteve quatro pessoas ligadas ao Sporting na quarta-feira, incluindo o diretor desportivo do futebol, André Geraldes, na sequência de denúncias de alegada corrupção em jogos de andebol e de futebol.

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