A maior supresa da noite de Óscares foi a vitória de “Green Book” como melhor filme do ano, incluindo para o realizador Peter Farrelly, que “honestamente não esperava ganhar”, disse nas entrevistas de bastidores da cerimónia, em Hollywood.
“De certa forma bloqueei, como quando vejo uma partida de futebol e saio da sala se quero que a minha equipa marque”, comparou o cineasta. “Pensei em tudo menos vencer isto, e funcionou”.
As controvérsias do filme, que se baseou na história verdadeira do pianista de jazz Donald Shirley, foram “desanimadoras” para os criadores, disse o produtor Jim Burke, mas não impediram a Academia de lhe atribuir três estatuetas em cinco nomeações, incluindo melhor filme, melhor argumento original e melhor ator secundário (Mahershala Ali).
O realizador afro-americano Spike Lee, que viu o seu filme “BlackkKlansman” perder para “Green Book”, disse que “o árbitro tomou uma má decisão” quando foi questionado sobre a sua reação ao anúncio do Óscar.
O produtor Charles B. Wessler confessou que se “esqueceu” de que era possível vencer, e estava a trocar comentários com um amigo quando Julia Roberts anunciou “Green Book” como vencedor, para sua surpresa e da restante equipa.
A reação nos bastidores foi de estranheza, mesmo não havendo um claro favorito nesta edição, e depois de “Roma” já ter vencido na categoria de melhor filme estrangeiro.
Apesar de Viggo Mortensen não ter ganhado a estatueta de melhor ator pelo seu papel como Tony Lip, em “Green Book”, Peter Farrelly atribuiu-lhe todo o mérito pelo Óscar de melhor filme, nos agradecimentos.
O cineasta disse nunca ter pensado na personagem interpretada por Mortensen como algo que hoje seria apoiante do presidente do Donald Trump com um boné a dizer “MAGA” (Make America Great Again” na cabeça.
“A mensagem é, falem uns com os outros e vão descobrir que têm muito em comum”, explicou Farrelly, dizendo que se trata de uma “mensagem de esperança”, e que “a única forma de resolver problemas é a falar”.