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Rangel quer políticos a fazer campanha “onde há menos votos”

O cabeça de lista do PSD às europeias, Paulo Rangel, defendeu hoje que os políticos também devem fazer campanha “nas terras onde há menos votos”, afirmando que o país todo perde com a desertificação do Interior.

“É muito importante que percebamos que, se os políticos em campanha se limitarem a ir aos sítios onde está a concentração de votos, é evidente que o país vai continuar neste desequilíbrio enorme, em que todos perdem”, o Interior e o Litoral, defendeu.

Paulo Rangel, que está há dois dias em campanha eleitoral por dois distritos do país atingidos pela desertificação, Viseu e Guarda, disse que a campanha do PSD ao Parlamento Europeu vai também “e aposta com a mesma intensidade e com a mesma convicção nas terras” onde há menos votos ou onde os votos “não chegam para ganhar o país”.

“Faz parte, porque a nossa principal mensagem é a da coesão”, disse, acrescentando que a missão dos candidatos eleitorais é também “ouvir, dar voz e visibilidade” às preocupações reais de regiões do país “discriminadas, de risco demográfico, com baixa natalidade, migrações de gente jovem e falta de mão de obra”.

O cabeça de lista social-democrata falava no final de um almoço em Celorico da Beira com dezena e meia de empresários e produtores agrícolas e agropecuários, que apresentaram os principais problemas que atravessam.

“Devo dizer que levo daqui um banho, uma imersão num mundo daquelas que são as preocupações reais das pessoas e que não tem o objetivo político, foi uma discussão muito centrada nas preocupações das pessoas e das empresas”, disse.

Produtores de queijo da Serra da Estrela, exportadores de ovos biológicos, produtores de frutos secos e azeite convergiram que o principal problema da região é a falta de população, sugerindo também “apoios” ao emparcelamento e, no caso dos exportadores, mais rapidez na abertura de novos mercados internacionais.

“Os políticos falam contra a desertificação mas depois não fazem nada para combatê-la”, disse um dos convidados. Para além da “falta de pessoas”, que “fogem todas para o litoral”, a região, zona de minifúndio, tem a propriedade “cada vez mais dividida” por causa “das heranças”.

“Sem pessoas morre tudo, nada tem continuidade, este é o grande desafio dos senhores políticos, trazer pessoas para o interior”, resumiu um dos agricultores presentes.

Antes, ao final da manhã do quinto dia de campanha, Paulo Rangel foi conhecer a Queijaria Artesanal Casa Agrícola dos Arrais, em Celorico da Beira, um negócio familiar de produção de queijo da Serra da Estrela certificado que emprega mais duas funcionárias.

A queijaria é uma parte do negócio da família, com João Silva, de 67 anos, a manter um rebanho de cerca de 200 ovelhas da raça autóctone bordaleira, que Paulo Rangel foi convidado a visitar no pasto.

Depois de mais um momento para captar as imagens do candidato a observar as ovelhas e a conversar com o dono da queijaria, os animais acabaram por ficar assustados e saltaram o muro, correndo pelo caminho abaixo.

“Não estão habituados a jornalistas”, gracejou o dono do rebanho.

João Silva levou os candidatos e comitiva para visitar a zona de produção e Célia Silva, filha, engenheira zootécnica, explicou as dificuldades do negócio: “Levanto-me às seis, vou recolher o leite, tanto posso acabar às oito, como as nove, depois há o resto”, disse, apontando para os recipientes onde o leite é guardado para depois iniciar o processo artesanal da produção de queijo.

A queijaria, que tem procura mas também meses de “paragem”, segundo afirmou, consegue manter alguma rentabilidade, disse. Contudo, os donos dos rebanhos das ovelhas `bordaleiras´ da Serra não conseguiriam viver do negócio se não recebessem “os subsídios” da União Europeia, sublinhou.

O distrito da Guarda elegerá menos um deputado nas próximas legislativas, por ter perdido população (de quatro para três mandatos).

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