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“Quem tinha pistolas apontadas era Jesus”, diz Octávio

Octávio Machado considerou neste domingo que estava preparado um cenário para se agravarem as críticas a Jorge Jesus, que era, na sua opinião, o alvo a abater, no clássico entre o Benfica e o FC Porto. 

O comentador lembra a antevisão do encontro, quando se ‘vaticinava’ que o Benfica poderia ficar a sete pontos do primeiro lugar e a três dos dragões.

No programa Golos, Octávio recorre à mesma expressão usada por Sérgio Conceição, na conferência de imprensa de antevisão da partida. Confrontado com o bom momento do FC Porto, recorde-se, o técnico portista falara em “pistolas apontadas”, caso perdesse com o Benfica, defendendo que uma derrota iria deitar por terra o bom momento dos campeões nacionais.

“Quando se partiu para este jogo, o alvo estava perfeitamente identificado: era o Jorge Jesus. Toda a gente sabia. Andamos aqui a enganar quem? Quem tinha pistolas, mísseis e granadas apontadas era o Jesus”, referiu, no programa Golos deste domingo, onde o clássico esteve em análise. 

Octávio Machado lembra as vésperas do clássico e as perspetivas sobre uma eventual derrota do Benfica. “O ponto de partida era: ‘se perder, fica a sete pontos do Sporting e depois fica o campeonato arrumado, acabou’. A intenção era essa”, acusa. 

Por outro lado, “o FC Porto tinha todo o aspeto psicológico a seu favor”, uma vez que “tinha ganho a Supertaça e estava por cima”. Um quadro de favoritismo dos azuis e brancos “era a opinião generalizada”.  

E para o antigo técnico, “o FC Porto a jogar em casa é sempre favorito, seja com quem for”. “Não acho que o FC Porto tenha perdido essa chama… Não acho que tenha perdido. O FC Porto que eu ajudei a construir, desde 1974, em casa, contra quem for, é sempre favorito. E eu não admito outra coisa. Depois, fala-se nos dois defesas-esquerdos… A esses críticos, que são novinhos, têm de pensar futebol”, diz Octávio Machado.  

O comentador não compreende quem critica Jorge Jesus por ter apostado em dois defesas esquerdos – Grimaldo jogou à frente de Nuno Tavares, num sistema que Sérgio Conceição considerou defensivo. E Octávio recorda os tempos em que trabalhou no FC Porto, quando os dragões, na Taça dos Campeões Europeus, derrotou os holandeses do Ajax com dois laterais no lado direito e outros dois no lado esquerdo.

“Lembro-me quando o FC Porto apanhou, na Liga dos Campeões, o Ajax, do Cruijff, Van Basten, Koeman, Rijkaard. Jogou nas Antas. Jogou com dois defesas-direitos: João Pinto e Bandeirinha. E jogou com dois defesas-esquerdos: Laureta e Inácio. Porquê? Porque importava fechar os flancos, onde o Ajax era determinante, desequilibrava, e tinha finalizadores como o Van Basten, o Rijkaard e o Koeman pelas costas. Resultado final: FC Porto 2, Ajax, 0. O Ajax disse adeus à Taça dos Campeões Europeus”, recorda. 

 “O FC Porto jogou de forma defensiva, frente ao Ajax? Não. Conseguiu anular o adversário. E e em termos ofensivos foi capaz de desequilibrar. Quem marcou um golo? O grande Laureta. Ainda nesta semana falei com ele disto”, conta. 

E o que fez o Benfica, estrategicamente, com esta tática de Jesus? Octávio faz a pergunta e dá a resposta: “Retirou profundidade ao ataque do FC Porto, pelo Marega. Depois, o miúdo [Nuno Tavares] jogou muito bem. E o Benfica conseguiu criar grandes problemas, em termos ofensivos, do lado e esquerdo. E o Grimaldo marcou o golo”.

Ao mesmo tempo que elogia a tática de Jorge Jesus, também dedica uma palavra a Sérgio Conceição. “O futebol é isto: é tática e estratégica. Dois grandes treinadores, um grande jogo”, resume.

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