Entregar a chefia do Governo a um ministro das Finanças tem consequências, como é exemplo o ‘congelamento’ da concertação social: “o acordo de concertação social, hoje, mantém-se muito mais por vontade dos parceiros do que do Governo, que tem, de uma forma errática, mantido a concertação social em banho-maria”.
“O país não aguenta mais austeridade. Os reformados não suportam mais cortes, os nossos jovens não podem continuar a emigrar. Receio que a conflitualidade social possa ocorrer sem se saber quando. Pode ocorrer a qualquer momento”, alertou.
As críticas de António Saraiva não se ficaram pelo executivo, pois também Cavaco Silva foi visado. O “silêncio ensurdecedor” não é compatível com o que o país espera de um Presidente da República em alturas de crise, argumentou, defendendo que o chefe de Estado tem de “exigir aos partidos acordos de regime”.
Enquanto presidente da CIP, Saraiva reuniu com os membros da troika. “Finalmente, achei-os disponíveis para estes dois factos”, revelou: “primeiro diziam-nos que a economia portuguesa estava viciada em crédito, já reconhecem hoje que há carência de crédito na economia, da mesma maneira que reconhecem que tem de haver uma política fiscal amiga do investimento”.
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