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Quatro milhões de suíças chamadas a fazer greve pela igualdade de géneros

Cerca de quatro milhões de suíças são hoje chamadas a parar contra a diferença salarial entre géneros, o assédio no trabalho e a violência de género, a primeira greve do género em 28 anos.

As mulheres são incentivadas a deixarem os seus locais de trabalho precisamente às 15:24, hora estimada pela organização como o momento em que deveriam parar de trabalhar para ganhar proporcionalmente o mesmo do que os homens ganham em média numa hora.

Por volta das 00:00 locais, em Lausanne, centenas reuniram-se junto da catedral da cidade e marcharam até ao centro para queimarem paletes de madeira, gravatas e sutiãs.

Segundo a Associated Press, algumas mulheres chegaram a escalar a catedral para gritarem a hora, tradição que é normalmente executada por homens.

Emma Fabre, funcionária do Centro Internacional de Conferências de Genebra disse à EFE que não vai trabalhar hoje porque “ainda há muito a fazer” para que as mulheres gozem dos mesmos direitos que os homens, mesmo naquele que é considerado como um dos países mais ricos do mundo.

“Ainda há muita desigualdade de salários, muita condescendência e geralmente somos obrigados a ter empregos a tempo parcial para cuidar das crianças”, acrescentou.

Mesmo na sede europeia das Nações Unidas, em Genebra, a desigualdade também é percetível, segundo uma funcionária da ONU.

“É possível notar-se um maior número de mulheres nos cargos mais baixos, mas à medida que se sobe para os cargos na administração, a maioria dos ocupantes são homens”, acrescenta a funcionária que preferiu não se identificar, em declarações à EFE.

A greve visa também reclamar por mais respeito pelas mulheres, já que, segundo a Amnistia Internacional, a cada duas semanas uma mulher morre na Suíça devido a violência dos parceiros ou ex-parceiros e uma em cada cinco suíças já admitiu ter sofrido comentários sexistas, assédio e outros tipos de violência sexista.

O protesto inclui o boicote a lojas e a restaurantes, como forma de mostrarem o seu impacto na economia nacional.

Embora seja considerada uma das nações mais democráticas no mundo, com referendos de três em três meses para se decidir vários assuntos a nível nacional e local, as mulheres suíças apenas conquistaram o direito de votar e de serem eleitas em 1971, num referendo em que oito dos 26 cantões que compõem o país votaram contra.

Já a descriminalização do aborto demorou mais 31 anos.

Na Suíça, os homens ganham em média 12 por cento a mais do que as mulheres e, em cargos com maior responsabilidade, esse percentual aumenta para 18,5 por cento, segundo a Organização Mundial do Trabalho.

Também, 60 por cento do trabalho não remunerado, que inclui a limpeza e cuidado de crianças recai sobre as mulheres, num país onde o número de creches não é suficiente em comparação com a procura e onde as crianças até os oito anos de idade não vão à escola nas quartas-feiras.

Os eventos de hoje remetem para os protestos de 14 de junho de 1991, que reuniram centenas de milhares de mulheres que deixaram os seus locais de trabalho para se manifestarem contra a discriminação, 20 anos depois de ganharem o direito ao voto e uma década após ter sido aprovada a lei de igualdade de género.

Lusa

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Lusa

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