Já lhe aconteceu: puxar uma porta que deve empurrar, mesmo quando tem à sua frente a indicação “empurre”. Mas relaxe. A culpa não é sua. Veja o vídeo.
Está na hora de conhecer Donald Norman, um professor emérito de ciência cognitiva, que leciona na Universidade da Califórnia, nos EUA, e em ciências da computação, na Universidade Northwestern. Destaca-se, através dos livros que escreveu, na “engenharia do design”.
Mas por que razão Donald Norman está relacionado com o facto de abrirmos bem ou mal as portas de espaços públicos? A resposta chega a seguir.
É confrangedor, mas certamente já lhe sucedeu. À sua frente está a porta e a indicação “puxe”, ou “empurre”. Apesar de ter 50 por cento de probabilidade de acertar (se não ler aquelas indicações), parece que o mundo está contra si e erra. Erra e erra sempre. Puxa quando deve empurrar.
Por norma, e por razões de segurança, as portas devem abrir no sentido da saída. Mas nem sempre é assim. Mais: todos esquecemos esta regra quando vamos abrir uma porta. E porquê? Por culpa do design.
É verdade. Quando nos aproximamos de uma porta, não estamos a pensar na segurança, nas regras, em nada: vamos reagir ao desafio da forma como ele nos é apresentado.
E o design faz toda a diferença. Se nos aparece um puxador, nós vamos puxar. Nunca vamos empurrar o puxador.
Está então na hora de conhecer “The Norman Door”, de Donald Norman, o prestigiado professor que nos seus livros se dedicou à usabilidade, ao design a pensar no utilizador, à psicologia cognitiva, bem patentes no seu livro ‘The Design of Everyday Things’.
Em ‘The Design of Everyday Things’, Norman descreve a psicologia atrás do que chama ‘design bom’ e ‘design mau’, determinados em estudos, propondo princípios onde se exaltam as consequências de erros causados por um design mau.
Donald Norman defende a teoria do design centrado no utilizador, esquecendo a estética, privilegiando a funcionalidade. Dedica-se a esta temática desde que passou um ano em Inglaterra e se sentiu frustrado, todos os dias, com os problemas relacionados com a falta de funcionalidade de objetos do dia a dia.
Na entrevista que pode ver em baixo, Norman é confrontado com uma pergunta: se abrimos as portas de forma errada, a culpa é nossa? “Não!”, responde.
“The Norman Door” é assim definida como “uma porta cujo design nos diz para fazer o contrário do que realmente temos de fazer”, ou “uma porta que dá um sinal errado e precisa de outro para corrigir”.
É por isso que lemos “puxe” e “empurre”, porque as portas dão um sinal errado, por culpa do seu design e precisam de outro sinal para se corrigir o problema.
E este professor dá a solução: a “descoberta” e o “feedback”
Você lida, todos os dias, com objetos que não lhe dizem nada. Não dizem “puxe” ou “empurre”, que o obrigam a descobrir como funcionam. Descobre e ocorre o feedback: um sinal de que não errou.
Então, qual é a solução para uma porta perfeita? Espante-se: uma porta sem puxador, sem nada, que nos obrigue a descobrir como funciona. Facilmente percebe que tem de empurrá-la, porque não há alternativa.
Desse modo, se puxa as portas quando as deve empurrar, fique tranquilo. A culpa não é sua. Ainda vivemos na tirania do mau design.
Veja o vídeo.
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