O príncipe Carlos terá comparado, numa conversa com uma refugiada, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, ao ditador nazi, Hitler. O comentário, sobre a anexação da Crimeia, saltou da esfera privada para o debate político no Reino Unido. Moscovo não alimenta a polémica.

Uma conversa privada sobre a II Guerra Mundial e a recente anexação da Crimeia pode ter aberto a porta a uma frente de batalha diplomática entre o Reino Unido e a Rússia.

Numa visita ao Canadá, o herdeiro da coroa britânica, Carlos, terá comparado Vladimir Putin, o Presidente da Rússia, ao infame ditador nazi, Adolf Hitler.

Ao comentar o caso da Crimeia, península que se separou da Ucrânia para se unir ao território russo, o príncipe terá dito que “Putin está agora a fazer quase o mesmo que Hitler”.

O comentário terá sido proferido para Marienne Ferguson, que nos anos 40 teve de deixar a Europa para fugir ao regime nazi, que ainda assim executou vários elementos da família.

Apesar de privada, a conversa foi relatada pelo Daily Mail e a refugiada admitiu a “honestidade” do príncipe Carlos.

“Devo dizer que concordo com ele e que muitas pessoas também concordarão. Fiquei muito surpreendida por ele ter feito o comentário, até porque não é suposto que eles digam este género de coisas, mas foi muito sincero e honesto”, argumentou Marienne Ferguson, numa entrevista ao mesmo jornal.

Como o caso ocorreu no âmbito de uma conversa privada, a família real britânica não proferiu qualquer comentário sobre o assunto. Porém, vários agentes políticos do Reino Unido estão a criticar abertamente a alegada frase do principal herdeiro da coroa.

Mike Gapes, deputado do partido trabalhista, deu voz à corrente popular que pretende a resignação de Carlos. A defesa do príncipe coube ao vice-primeiro-ministro, que lembrou que qualquer cidadão “é livre de se expressar”, mesmo que pertença à realeza e sobretudo por ter falado em privado.

A Rússia, por enquanto, está em silêncio. O único comentário do Kremlin veio através de um jornal local, citado pelo britânico The Guardian: com este tipo de afirmações, o príncipe arrisca “espoletar um escândalo internacional”.

A questão poderá ser resolvida entre os principais envolvidos: é que está para breve a comemoração dos 70 anos do ‘Dia D’ (desembarque na Normandia), na qual estarão presentes o príncipe Carlos e Vladimi Putin.