Caroline Herschel, a astrónoma que viu mais além

Caroline Herschel, astrónoma anglo-germânica, é hoje lembrada com um google doodle, que assinala o 266.º aniversário da astrónoma autodidata, que descobriu o cometa 35P/Herschel-Rigollet.

A Google presta homenagem a Caroline Herschel, que nasceu a 16 de março de 1750, em Hanover, na Alemanha, e viria a morrer na mesma cidade, a 9 de janeiro de 1848.

Membro de uma família de músicos alemães, e depois de ter sido marcada por uma professora que apresentava problemas depressivos, Caroline muda-se para Inglaterra, em 1772, onde se encontrava o seu irmão, o astrónomo William Herschel.

Estava criado o cordão umbilical onde se iria destacar. Autodidata em astronomia, interessou-se também pela matemática, tornando-se assistente do seu irmão. E quando o Estado começou a remunerar o seu trabalho de assistente do seu irmão, Herschel tornou-se na primeira mulher a ser paga por colaborar com a ciência.

Caroline Herschel participou de forma ativa nos trabalhos de pesquisa do irmão (como o próprio reconheceu) sobretudo no trabalho relacionado a telescópios de alto desempenho. Aprendeu a copiar catálogos astronómicos que William emprestava, aprendeu a gravar, resumir e organizar as observações astronómicas do irmão, que foi astrónomo oficial do Rei George III e mudou-se para a Casa Observatório de Slough (na altura Buckinghamshire, hoje Berkshire).

A contribuição mais importante de Caroline Herschel para a astronomia foram as descobertas de vários cometas, sobretudo o cometa 35P/Herschel-Rigollet.

As  amplas capacidades de Caroline Herschel permitiram-lhe chegar a Astrónomo da Corte, cargo para o qual foi nomeada, em 1787, tornando-se na primeira mulher a merecer tal distinção e a ser remunerada.

No entanto, Caroline começara a fazer suas próprias observações alguns anos antes, em 1782. Durante as horas de lazer, observava o céu com um telescópio newtoniano. Com esse equipamento, ela detetou vários objetos astronómicos, entre 1783 e 1787, o que incluem as descobertas da M110 (NGC 205), uma galáxia elíptica na direção da constelação de Andrómeda. No período de 1786 até 1797, Caroline descobriu oito cometas – o primeiro no dia 1 de agosto de 1786. Em cinco dessas descobertas, a germânica foi considerada a principal responsável.

Não tardou até Caroline Herschel conquistar o reconhecimento em toda a Europa, tornando-se uma das grandes astrónomas do seu tempo e – o google doodle comprova-o – mesmo para além do seu tempo.

Quer ao lado do irmão, quer de forma autónoma, descobriu cometas novos, o que lhe permitiu receber diversos prémios e distinções, entre as quais a a Medalha de Ouro da Royal Astronomical Society, em 1828, e a Medalha de Ouro da Ciência do Rei da Prússia, em 1846 – contava então 96 anos de idade.

Com o casamento do irmão William Herschel, Caroline torna-se mais independente. E muitas das descobertas da sua autoria foram feitas sem o irmão. Ainda jovem continuou a trabalhar sozinha em muitos projetos astronómicos que lhe permitiram o reconhecimento.

Herschel ganhou uma medalha de ouro da Astronomical Society of London (1828), por catalogar as 2500 nebulosas descobertas pelo irmão.

Em 1835, foi eleita membro honorário da Royal Astronomical Society, juntamente de Mary Sommerville – tornando-se nas primeiras mulheres a participar na sociedade. Em 1838, Caroline Herschel passou a ser membro honorário da Academia Real Irlandesa, em Dublin.

Foi ainda premiada com uma Medalha de Ouro pela Ciência (1846) pelo Rei da Prússia, entregue a ela por Alexander von Humboldt, como forma de reconhecimento pelos “valiosos serviços, descobertas, observações e cálculos”.

O asteroide 281 Lucretia, descoberto em 1888, presta homenagem a Caroline levando o seu segundo nome. Uma cratera na Lua é batizada em sua homenagem, a cratera C. Herschel.

Em 1822, após a morte de William, Caroline volta para Hanover, onde prosseguiu os seus trabalhos de astronomia, produzindo um catálogo de nebulosas para ajudar o seu sobrinho, John Herschel, no começo da sua carreira.

Caroline Herschel viria a morrer no dia 9 de janeiro de 1848, precisamente na terra natal. Está sepultada no cemitério Gartengemeinde, naquela cidade.