PT engana Anacom no ‘triple play’ com dados diferentes dos enviados à CMVM

A Anacom emitiu um comunicado a explicar que a PT não lidera no segmento do ‘triple play’. Isto porque a empresa enviou dados diferentes à CMVM, sendo que na ‘verdadeira’ contabilização soma menos 63 mil clientes.

A oferta de serviço ‘triple play’ – o conjunto de televisão, internet e telefone pagos numa só fatura – é liderada pela Zon e não pela Portugal Telecom (PT). O esclarecimento é dado pela entidade reguladora das telecomunicações, a Anacom, que salienta ter recebido dados diferentes do que a PT forneceu à CMVM, à qual a empresa terá juntado clientes com os três serviços, mas de marcas diferentes.

“Contactada a PT com vista ao esclarecimento dos dados, constatou-se que a operadora utilizou diferentes critérios de contabilização para apuramento do número de clientes triple play do Meo no período em causa," justificou a Anacom, em comunicado. Na prática, a reguladora definiu que a oferta ‘triple play’ da PT resume-se ao serviços abrangidos pela marca Meo, embora a empresa, nos dados que enviou à CMVM – que serviram para a própria PT reivindicar a liderança do mercado – juntasse clientes que tenham, por exemplo, dois serviços da Meo e um da TMN, outra marca do mesmo grupo.

“Na informação divulgada nos media, no seu site e num comunicado enviado à CMVM no dia 4 de junho, a Portugal Telecom afirmava ter 728 mil clientes. A diferença face aos 665.244 clientes reportados à Anacom prende-se com o critério adotado na contabilização, já que na informação que enviou à CMVM a PT considera clientes ‘triple play’ do Meo aqueles que subscreveram a um único operador três serviços, associados a apenas uma conta de cliente, numa oferta em pacote ou não. Os serviços podem ser de marcas diferentes”, descreveu a reguladora das telecomunicações.

A liderança neste segmento pertence, afinal, à Zon, que terá 715.656 clientes. Como a PT está a utilizar informação incorreta “numa campanha publicitária que realça a liderança do Meo no serviço ‘triple-play’”, a Anacom encaminhou o processo para a direção geral do consumidor.