Economia

PT desilude Pires de Lima: Operação no BES afeta “reputação” das empresas portuguesas

pires de lima 210 A atuação da PT no caso BES, assim como o escândalo envolvendo o grupo Espírito Santo, são condenados pelo ministro da Economia, pelos danos à “reputação” das empresas nacionais. Pires de Lima admite que perdeu “a ilusão da PT como matriz de uma fusão” de dimensão internacional.

Já não há ilusões, nem para o ministro da Economia: a PT perdeu influência na empresa que vai surgir quando se fundir com a brasileira Oi.

Influência, valor e reputação que se perderam quando o escândalo das operações do Grupo Espírito Santo (GES) e do BES começou a ser revelado, dando a conhecer que a PT aplicara 900 milhões de euros em papel comercial da Rioforte (uma empresa do GES) e que, antes da ‘nacionalização’ do BES pelo Banco de Portugal (BdP), a PT retirou os 128 milhões de euros que tinha em depósitos.

Para Pires de Lima, os “atos de gestão que não têm explicação possível no domínio da gestão”, como os 900 milhões de euros aplicados na Rioforte, foram o primeiro passo para “a destruição de valor” que torna impossível a ideia de PT e Oi se fundirem com uma partilha equivalente da posição.

“A ilusão da PT como matriz de uma fusão luso-brasileira e campeã nacional já a perdi há muito”, reconheceu o ministro, numa entrevista ao Público: “a PT hoje vale 15 por cento do que valia há meia dúzia de anos, ninguém pode ter ilusões sobre aquilo que se passou em termos de destruição de valor”.

O governante lamentou as “situações inexplicáveis” que agora se descobrem no BES e na PT, como o facto da operadora de telecomunicações ter retirado os depósitos em véspera do governador do BdP anunciar a solução para o banco.

Isto porque agora os mercados olham para Portugal com desconfiança, cabendo ao país “separar o trigo do joio” e demonstrar que nenhuma das empresas envolvidas “representa o mercado de capitais como um todo”, muito menos a “gestão qualificada e séria que existe nas empresas portuguesas”.

O ministro lembrou que o “indiscutível impacto destas situações na reputação” das empresas portuguesas também se faz sentir no “esforço grande que tem sido feito de atração de investimento para Portugal”, dada a atenção redobrada com que os investidores estrangeiros agora olham para a economia nacional.

Como toda a medalha tem um reverso, Pires de Lima salientou que “a exposição dos casos BES e PT” abre “uma oportunidade para mudar alguns maus hábitos”, como acabar com “as gestões glorificadas que, ano após ano, o que fazem é destruir valor”, ou quando “os interesses dos acionistas são capturados pelos interesses dos gestores”.

Quem pensa de forma semelhante ao ministro são os trabalhadores da PT. Na terça à noite, a comissão de trabalhadores (CT) exigiu, em comunicado, que “todos os administradores envolvidos” na operação feita com a Rioforte devolvam “os bónus anuais que receberam desde 2010, ou seja, desde a venda da participação da PT na Brasilcel à Telefónica, incluindo os bónus extraordinários”.

Depois disso, devem sair, pois “não têm condições para continuar a ser” administradores de “nenhuma empresa do universo PT”, salienta o texto do comunicado.

Falta ainda saber o que vai acontecer com a posição do BES (10 por cento) no capital da PT, assim como a posição da Ongoing (10 por cento), uma holding cuja dependência financeira tem sido associada à (antiga) força do banco que era liderado por Ricardo Salgado.

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