PT ainda não foi vendida, mas CTT já têm acordo com Altice

A PT Portugal ainda pertence à Oi, mas os CTT – Correios de Portugal já estudam as “sinergias conjuntas” que podem potenciar com a Altice. A empresa portuguesa e o grupo francês anunciaram hoje a “celebração de um acordo “ para aproveitar as “oportunidades de negócio substanciais”.

O anúncio partiu dos próprios CTT – Correios de Portugal. Numa nota enviada ao regulador, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), os CTT revelam que assinaram “um acordo quadro” com a Altice, o grupo francês que está na corrida à PT Portugal e que detém a Cabovisão e a Oni.

Ainda antes dos franceses comprarem a operadora da Oi (tanto mais que há outros interessados, como os fundos Apax Partners e Bain Capital e a empresária angolana Isabel dos Santos), os CTT vão receber “um pagamento inicial de 15 milhões de euros, que será reforçado em mais 15 milhões de euros sujeito à concretização do acordo quadro referido”

Os termos do memorando prevêem que esse pagamento, a ocorrer “com a compra da PT Portugal pela Altice”, representa “uma antecipação do valor mínimo das sinergias a realizar no âmbito de uma mais vasta parceria comercial e estratégica”.

Afinal, a PT poderá ser a primeira das “sinergias” a desenvolver entre os correios portugueses e o grupo francês, tanto mais que “esta visão é partilhada pela Altice, com base em outras experiências de sucesso com operadores postais”.

“Tal como referido em comunicados anteriores, no âmbito do desenvolvimento da sua estratégia e para potenciar as alavancas de crescimento anunciadas, os CTT consideram que existem sinergias comerciais e oportunidades de negócio substanciais com operadores de telecomunicações, incluindo a PT Portugal”, salienta a nota enviada ao regulador.

Segundo o texto da empresa liderada por Francisco de Lacerda, “o acordo quadro deverá ser concretizado em parcerias comerciais específicas a definir e geradoras de valor para ambas as empresas, nomeadamente a otimização conjunta das redes de retalho, aproveitando a escala e capilaridade da rede CTT e o desenvolvimento de negócios conjuntos na área do comércio eletrónico e convergência físico-digital”.

Ainda citando o comunicado dos CTT, as parcerias comerciais específicas “potenciarão ainda a geração de EBITDA [resultado antes de impostos, juros, amortizações e depreciações] adicional, de acordo com um ‘business case’ específico a definir por iniciativa”.

Resta saber se o pressuposto base do acordo se realiza: a compra da PT. Os fundos Apax Partners e Bain Capital, que assinaram um acordo semelhante com a portuguesa Semapa, tinham agendado para hoje a apresentação de uma proposta para dos ativos que pertencem à Oi.

O operador brasileiro, que quer vender a PT Portugal, já tinha anunciado que a Altice apresentara uma proposta no valor de 7025 milhões de euros, excluindo o negócio de África, e que os dois fundos ofereciam mais 50 milhões do que a Altice.

No entretanto, a filha do Presidente de Angola apresentou uma terceira proposta. A empresária Isabel dos Santos lançou uma oferta pública geral e voluntária sobre a PT SGPS, através da Terra Peregrin, no valor de de 1,21 mil milhões de euros, mas incluindo a totalidade das ações da PT.