A PSP admitiu ter subavaliado o “grau de ameaça e potencial desordem” dum determinado grupo durante a manifestação de 22 de março, em Lisboa, e defendeu que a carga policial, na qual ficaram feridos dois fotojornalistas, foi “necessária” para “cessar os comportamentos intencionais, violentos e perigosos”.

A carga policial no Chiado (Lisboa), durante a manifestação realizada a 22 de março, “foi necessária para repor a ordem e tranquilidade públicas” e para “cessar os comportamentos intencionais, violentos e perigosos que colocavam em risco a integridade física dos elementos policiais e de terceiros”. Foram estas as conclusões do inquérito aos incidentes ocorridos, dos quais resultaram ferimentos em várias pessoas, incluindo dois fotojornalistas e um polícia.

No mesmo comunicado, a direção nacional da PSP admitiu ter subavaliado a ameaça que poderia constituir “um grupo de cerca de 70 cidadãos, integrando indivíduos conotados com dois movimentos distintos, que se concentraram inicialmente na Praça Duque de Saldanha”, sublinhando a “necessidade de uma melhor avaliação quanto ao grau de ameaça e potencial desordem associado” a esse grupo.

A nota justifica também a decisão de manter o desfile entre a Praça Duque de Saldanha e o Rossio, “não obstante os comportamentos desordeiros adotados pelos manifestantes durante esse percurso, mesmo sem que se cumprisse com os formalismos previstos na lei”, dando “prevalência ao direito de manifestação dos cidadãos”.

Concluído o inquérito realizado pela Inspeção Geral da Administração Interna aos incidentes, resta conhecer o resultado do processo disciplinar instaurado, a pedido do ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, a um dos polícias envolvidos na agressão e ao inquérito judicial instaurado aos polícias que espancaram um dos fotojornalistas. Em conclusão, “ficou evidente a necessidade de melhor sinalizar” os jornalistas, bem como de realizar “reuniões prévias de forma a coordenar os diversos aspetos desta atividade” profissional.