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PS cerca Governo com críticas de Cavaco e esconde voto no OE2012

carlos_zorrinhoO PS faz tabu relativamente ao voto no Orçamento de Estado (OE) e coloca nos ombros do Governo as críticas de Cavaco Silva ao documento. Carlos Zorrinho, líder parlamentar socialista, pressiona o executivo, para que “ouça o Partido Socialista, os portugueses e o Presidente da República” e elimine medidas de austeridade “sem preocupação com as pessoas”.

O Partido Socialista não abre o jogo, relativamente ao sentido de voto no Orçamento de Estado para 2012, mas insta o Governo a promover alterações ao documento, no sentido de eliminar algumas medidas de austeridade que suscitaram críticas do próprio Presidente da República.

Um dia depois de Cavaco Silva ter considerado que o OE2012 “põe em causa a coesão nacional” e que “viola princípios básicos como a equidade fiscal”, surge o PS a instar o Governo para que ouça as vozes de alerta socialistas, das pessoas e do chefe de Estado.

Cavaco Silva criticava a austeridade excessiva do Governo de Passos Coelho, discordando da proposta de Orçamento de Estado para 2012 e considera que retirar subsídios a pensionistas e trabalhadores da Função Pública. Para Cavaco, “Portugal já ultrapassou os limites da austeridade”.

Carlos Zorrinho repete as palavras de Cavaco, ainda que o líder parlamentar socialista não mantenha o tabu sobre o sentido de voto socialista, aquando da aprovação, em Assembleia da República, do documento.

Diz o presidente do Grupo Parlamentar socialista que “a decisão sobre a votação” socialista vai ser tomada nos “órgãos e momento próprios”. Zorrinho, que falava aos jornalistas após uma reunião da bancada do PS, acusa Passos Coelho, o ministro Vítor Gaspar e todos os elementos do executivo de defenderem “medidas desumanas”.

“Este Governo pôs em prática um experimentalismo teórico e académico, sem a mínima preocupação relativamente a pessoas e empresas. Nesse sentido, esperamos que ouça os portugueses, o PS e também o Presidente da República”, afirmou Carlos Zorrinho, lembrando que os socialistas “desde sempre” apontaram a necessidade de um Orçamento com equidade e justiça social.

Os próximos tempos serão decisivos, na tomada de posição socialista. Apesar de não determinar a aprovação do Orçamento – os votos do PSD e do CDS serão suficientes – um chumbo do OE será uma rutura entre os dois principais partidos portugueses.

E essa rutura surge depois de António José Seguro, secretário-geral do PS, ter afirmado que as hipóteses de os socialistas aprovarem o documento superavam os 99 por cento. No entanto, a austeridade que está para além do memorando de entendimento da troika surpreendeu o principal partido da oposição.

Diz Carlos Zorrinho que o grupo parlamentar “vai avaliar o conteúdo do Orçamento” e a “capacidade do Governo para entender a mensagem que sociedade, PS e Presidente da República estão a enviar”. O sentido de Estado do PS poderá ser um voto contra, ao contrário do que se previa.

Orçamento de Estado aumenta preocupações

Cavaco Silva – que participava na abertura do Congresso da Ordem dos Economistas, em Lisboa, ontem – perspetivou “uma recessão profunda” e lamenta que o desemprego “possa atingir níveis sem precedentes”. Por outro lado, aponta, as famílias estão sem meios para agitar a economia através do consumo e “as empresas não encontram formas de financiamento”.

“Os últimos anos expuseram de forma dramática os desequilíbrios da economia e a insustentabilidade da estratégia que vinha a ser seguida”, disse. E este olhar para o passado associado à frase “mudou o Governo, mas não muda a minha opinião” deixa perceber que Cavaco ‘chumba’ o OE2012…

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