Ciência

Projeto português para detetar lixo marinho financiado pela ESA

Agência Espacial Europeia (ESA) vai financiar um projeto português que tem como objetivo detetar lixo marinho remotamente.

De 16 a 25 de setembro decorreu na Ilha do Faial, nos Açores, a fase de testes do projeto Spectrometer for Marine Litter, financiado pela Agência Espacial Europeia (ESA). O objetivo foi testar o potencial da utilização de sensores de imagem hiperespectral para deteção remota de lixo marinho em zonas costeiras e em águas pouco profundas.

Os testes consistiram na aquisição de assinaturas espectrais de diferentes tipos de lixo marinho, com uma posição fixa na Praia de Porto Pim, no Faial, a diferentes altitudes (20m-600m) e em condições atmosféricas diversas.

As imagens foram recolhidas através de sensores híper-espectrais, a bordo de aeronaves tripuladas e de sistemas não tripulados (drones).

O objetivo é comparar a assinatura espectral dos diferentes materiais obtidos nos voos efetuados pelas aeronaves, com a assinatura espectral obtida pelo sensor multiespectral a bordo do satélite Sentinel-2.

“Numa primeira avaliação preliminar dos resultados obtidos, foi possível verificar que o lixo marinho tem uma assinatura espectral diferente do ‘fundo’, neste caso a água, e, portanto, pode ser identificado utilizando sensores de imagem híper-espectral. Esta assinatura espectral não varia consideravelmente com a altitude, nem com as condições atmosféricas e é similar aos resultados obtidos pelo mesmo material em ambiente laboratorial”, explica Hugo Silva, investigador do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC).

No futuro, os investigadores esperam que estas tecnologias sejam eficazes na identificação de zonas de “hot-spots” de plásticos flutuantes no mar.

“Os próximos passos do projeto são o desenvolvimento de algoritmos de processamento automático para testar e validar se os materiais são detetáveis automaticamente e qual a concentração mínima do material por pixel para este ser detetável”.

“Estes fatores são importantes para se estudar a futura viabilidade da utilização destes sensores a bordo de satélites para deteção remota de lixo marinho”, esclarece Hugo Silva.

Este projeto foi financiado em 200 mil euros pelo programa Assessments to Prepare and De-Risk Technology Developments  da Agência Espacial Europeia (ESA) e é liderado pelo INESC TEC.

Fazem ainda parte do projeto o Centro de I&D Okeanos da Universidade dos Açores, e o AIR Centre.

Os testes contaram com o apoio do AEROESPAÇO- Centro de Ciência e do Espaço do Aeroclube de Torres Vedras.

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