Professor de Direito fala em “miopia da fêmea” e defende que homens são “biologicamente privilegiados por Deus”
Francisco Aguilar, o professor de Direito Penal que está sob inquérito da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, defendeu numa revista da especialidade as teorias da “miopia moral da fêmea” e de um “assalto feminista ao Estado”.
Publicado na revista de Direito Civil editada pela própria Faculdade, o docente, que está sob inquérito por ter classificado o feminismo como “nazismo de género” nas aulas de Direito Penal IV e Direito Processual Penal III, desenvolveu nesse artigo a ideia da “miopia moral da fêmea”.
Segundo esta teoria, as mulheres confundem o bem moral com as aparências, privilegiando uma “visão da humanidade focada na fêmea da espécie humana”, o que implica “uma dualidade de critérios em benefício das mulheres”.
“Em alguns dos Estados feministas do Ocidente é a própria lei que já assume explicitamente a discriminação”, sustentou Francisco Aguilar.
Desenvolvendo a teoria, o professor considerou que “a ascensão do egoísmo ou miopia moral da fêmea, a saber, o feminismo psicológico feminino” se tem “agravado” com a “ascensão das mulheres à condição de law makers”.
“Isto mesmo tomou-se evidente com o fim da Guerra Fria e o derradeiro assalto feminista ao poder de facto no Estado, designadamente na ocupação do aparelho de justiça, o qual depressa foi desmasculinizado e feminizado, o que determinou uma ainda maior escalada no ginocentrismo na administração da justiça”, argumentou o docente.
Ao longo do texto, o professor classifica o feminismo como “o mais criminoso regime da história” e refere que as mulheres têm um “ódio genético” aos homens, o sexo “biologicamente privilegiado por Deus”.
São citados vários pensadores, como Nietzshe e Jacques Derrida, e é lembrada a palavra misandria (“aversão ou desprezo pelos indivíduos do sexo masculino; aversão aos homens”, segundo o dicionário da Porto Editora), “apagada dos dicionários do mundo ocidental pela nova língua do totalitarismo do feminismo político”.
O objetivo do feminismo é “a destruição do mundo ocidental”, o único “remédio para a doença mental da conceção do pénis como privilégio”.
“E a feminista, como destruidora de mundos – in casu, o da civilização ocidental – por excelência, não estará saciada antes da eliminação física dos homens”, concluiu Francisco Aguilar.
Na sequência da revelação pública de opiniões semelhantes contra as mulheres, a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa anunciou a instauração de um processo de inquérito ao professor de Direito Penal.
Em declarações ao Diário de Notícias, António Menezes Cordeiro, diretor da revista, confessou que, face à polémica que o colega tem suscitado, “não voltaria a publicar” o artigo.
O professor catedrático salientou que o texto de Francisco Aguilar ‘passou’ no crivo porque “ninguém levou a sério aquela conversa”.
“O texto tinha uma certa densidade cultural, foi interpretado como uma crítica de tipo literário a algum extremismo no setor do feminismo”, reforçou Menezes Cordeiro, acrescentando que “a dignidade da mulher está acima destas coisas”.
A explicação não convence Jorge Duarte Pinheiro, antigo diretor da Faculdade de Direito e que já pediu a demissão do decano coordenador científico do Grupo de Ciências Jurídicas e diretor da revista, António Menezes Cordeiro.
Também em declarações ao DN, Jorge Duarte Pinheiro garantiu que a opinião polémica de Francisco Aguilar sobre as mulheres “não é um caso isolado” na Faculdade de Direito.
“Há aqui uma escola”, que era “mais subtil”, sustentou.
“Não se pode tomar a parte pelo todo, nem a maioria dos alunos, nem a maioria dos professores tem esta forma de pensar”, mas “quem tem o poder material” na instituição “tem um pensamento anacrónico”, concluiu o antigo docente.