Economia

Produção de vinho em 2018 deverá ser a menor dos últimos 20 anos

A produção de vinho deverá ser este ano a mais baixa das últimas duas décadas, devido ao “calor excessivo” de agosto, com o INE a estimar uma quebra de 20 por cento para 5,2 milhões de hectolitros.

“As condições meteorológicas de agosto foram determinantes e verificou-se que o calor excessivo causou escaldões nos bagos, embora com reflexos distintos em função da casta, da exposição e da idade da vinha”, refere o Instituto Nacional de Estatística (INE) nas previsões agrícolas hoje divulgadas.

Segundo o instituto, “excetuando no Algarve (aumento superior a 5 por cento) e no Alentejo (produção semelhante a 2017), todas as regiões vitivinícolas deverão registar menos produção, prevendo-se uma redução global de 20 por cento, para os 5,2 milhões de hectolitros, a menor das últimas duas décadas”.

As previsões agrícolas hoje divulgadas pelo INE apontam ainda para “reduções generalizadas de produção” nas fruteiras, vinha e olival.

Na maçã e na pera, as diminuições face à campanha anterior são de 15 por cento e 20 por cento, respetivamente, resultantes da conjugação de “fracas polinizações, problemas fitossanitários e da onda de calor de agosto”.

A produção de maçã deverá rondar as 278 mil toneladas, apresentando os frutos “boas características organoléticas e colorações normais”, enquanto a de pera deverá atingir as 162 toneladas, com “boa qualidade organolética”, mas menor calibre, já que as elevadas temperaturas de agosto travaram o crescimento dos frutos.

No kiwi, cuja colheita da variedade Hayward só decorrerá na segunda quinzena deste mês, o INE aponta para uma produção 5 por cento abaixo da de 2017, devido aos “danos em alguns pomares” causados pela passagem da tempestade Leslie, nomeadamente no Baixo Vouga, onde as quebras de produção nesta campanha atingem os 30 por cento.

Ainda assim, globalmente, a produção deverá situar-se nas 33,5 mil toneladas, a segunda maior de sempre, sendo apenas superada pela de 2017, com 35,3 mil toneladas.

No que se refere à produtividade da azeitona para azeite, cuja maturação está “atrasada mais de um mês face à campanha anterior”, deverá reduzir-se em 15 por cento, “resultado de uma grande variabilidade de produção nos olivais tradicionais de sequeiro”, mas ficar “bastante acima da média dos últimos cinco anos, mantendo-se “acima das 12 toneladas por hectare”.

Os soutos, pelo contrário, apresentam uma produção de castanha que se prevê 5 por cento superior à da campanha anterior, estimando o INE que a produção deverá situar-se nas 31,1 mil toneladas, “em linha com os valores alcançados nos últimos cinco anos”, excetuando 2014.

Na amêndoa, a entrada em produção dos amendoais recentemente instalados no Alentejo (que reforçam esta região como a segunda maior produtora de amêndoa, ultrapassando, desde 2015, o Algarve) compensou as “baixas produções” causadas pela precipitação durante a floração registada no Interior Norte, onde se situam 4/5 da área total de amendoais.

A produção de amêndoa prevista é de 15,1 mil toneladas, 44 por cento acima da média do último quinquénio, com frutos “bem formados e com bons calibres”.

Quanto às culturas anuais, preveem-se diminuições na produção de tomate para a indústria na ordem dos 26 por cento, para 1,23 milhões de toneladas, “devido exclusivamente à diminuição da área instalada”, enquanto a produção de girassol deverá fixar-se nas 19 mil toneladas, menos 10 por cento do que em 2017, devido à “forte diminuição da área semeada”.

Nos cereais de primavera/verão, o INE destaca os “bem visíveis” efeitos dos ventos fortes associados à tempestade Leslie: a produção de milho, apesar do aumento da área semeada, deverá manter-se nos níveis de 2017, enquanto no arroz está prevista uma diminuição de 5 por cento para 171 mil toneladas.

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