A privatização da gestão do património cultural português, através de concessão, é encarada como uma diminuição da despesa no Orçamento de Estado para 2013, ontem entregue à Assembleia da República. Só que a medida “é perigosa e pode dar prejuízo”, como alertou o presidente da direção da Comissão Nacional do ICOM – International Council of Museums, Luís Raposo.
“Não somos contra a gestão do património por privados, como princípio, mas, na prática, esta é uma via muito arriscada que já provou dar maus resultados, por exemplo, em Itália, quando foi seguida pelo primeiro-ministro Berlusconi”, comparou o dirigente, colocando dúvidas quanto à intenção do Governo em encontrar “soluções de gestão que mais beneficiem o Estado”, como referido no Orçamento.
“Quando se fala de gestão privada, nada tem a ver com filantropia. As entidades empresariais privadas visam o lucro”, sublinhou Luís Raposo, citado pela Lusa, sustentando que qualquer legislação no sentido da concessão ou privatização terá de garantir a dignidade dos monumentos em causa com uma “regulamentação bem feita”, exemplificando que a Torre de Belém, o Mosteiro dos Jerónimos ou o Padrão dos Descobrimentos “não podem acolher qualquer tipo de evento que fira os valores e dignidade do seu valor icónico do ponto de vista histórico”.
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