Presos no combate a incêndios “não anda longe da escravatura”, assume uma reclusa

Há cerca de 3800 reclusas a auxiliar os bombeiros na luta contra o maior fogo de sempre na Califórnia (EUA). Ganham entre dois a três euros por hora. “Não anda longe da escravatura”, assume La’Sonya Edwards, uma das reclusas que também é bombeira.

Os incêndios na Califórnia são históricos e têm obrigado os bombeiros a fazer turnos de 24 horas, descansando depois 24 horas seguidas. Mas nem esta rotação impediu a morte de 40 pessoas e a destruição de 270 mil hectares de terreno.

Em 43 áreas florestais, os bombeiros receberam um apoio inesperado: cerca de 3800 mulheres que se encontram presas, mas que estão a limpar o terreno ou a ajudar na frente de combate ao fogo para uma redução de pena e… um salário de dois ou três euros por hora.

Os trabalhos feitos no interior da prisão são remunerados a uma média que varia entre os 0,25 e os 1,25 dólares (um dólar equivale a sensivelmente 0,85 euros). A limpeza das matas rende dois euros por hora, mas transportar mangueiras ou baldes com água na linha da frente é pago aos três euros por hora.

“Não anda longe da escravatura”, desabafou La’Sonya Edwards, uma das reclusas que também é bombeira, em declarações ao New York Times: “Temos de ser melhor remuneradas pelo que fazemos”.

Um bombeiro profissional recebe mais de 40 mil dólares por ano, mesmo que em início de carreira. La’Sonya Edwards trabalha nas oficinas da prisão, onde ganha 500 dólares por ano, e com o auxílio aos bombeiros ganha mais “umas poucas centenas”.

As autoridades reagem com o lado positivo da moeda. Para além de ganharem algum dinheiro extra, as reclusas beneficiam também de uma ligeira redução da pena.

No entanto, apesar dos serviços prisionais insistirem que trabalhar na linha da frente contra o fogo ajuda à reabilitação, a verdade é que as corporações de bombeiros (nos EUA são profissionais) se recusam a aceitar ex-reclusas.

“É uma questão importante em que temos de pensar”, aponta David Fathi, ativista contra os abusos prisionais: “Se há reclusas a quem confiamos um machado ou uma serra elétrica para combater os incêndios é porque, se calhar, nem sequer deviam estar presas”.

“Por um lado é bom”, assume Marquet Jones, outra reclusa também bombeira: “Ficámos felizes quando as crianças nos vêm agradecer por lhes salvamos a casa ou o cão, mas também há quem olhe para nós com desprezo por sermos reclusas”.

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