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Presidente timorense sublinha “sucesso militar” da INTERFET em Timor-Leste

O Presidente da República timorense, Francisco Guterres Lu-Olo, sublinhou hoje o “sucesso militar” e a “importância” da entrada no país da Força Internacional para Timor-Leste (INTERFET) há precisamente 20 anos, numa cerimónia no Parlamento timorense em Díli.

“A INTERFET foi um sucesso militar e constitui um modelo para operações de manutenção da paz. Cumpriu, felizmente, a missão de estabilização. O mandato da ONU foi implementado eficazmente e com respeito pelas regras acordadas”, afirmou o chefe de Estado, num discurso proferido perante os mais altos dignitários timorenses, representantes de vários países e outras figuras relevantes na história da jovem nação, como o primeiro comandante da INTERFET, o general australiano Peter Cosgrove.

Lu-Olo recordou que a INTERFET “beneficiou de um dos mais robustos e claros mandatos escritos, desde a Guerra do Golfo”, tendo entrado em Timor-Leste “equipada, armada e preparada para actuar num ambiente volátil, de alto risco e incerteza”.

“Foi realmente importante que a INTERFET tivesse entrado no país, porque criou, de imediato, um clima de segurança e um ambiente estável e mais seguro para a actuação da UNTAET [Administração Transitória das Nações Unidas em Timor Leste] e para a nossa marcha para a restauração da nossa independência, em maio de 2002”, acentuou o chefe de Estado.

Vinte e um países contribuíram em diferentes intensidades e períodos para a INTERFET, tendo sido a Austrália e a Nova Zelândia os maiores contribuintes. “Agradecemos, por isso, ao Governo da Austrália por se ter comprometido a liderar o esforço internacional de manutenção da paz visando a restauração da ordem no nosso país”, afirmou Lu-Olo.

O Presidente timorense recordou o resultado do referendo sobre a autodeterminação de Timor em 30 de agosto de 1999, e as consequências nefastas da opção dos timorenses pela independência em relação à Indonésia.

“A realização desse sonho teve um preço pesado. O anúncio do resultado da Consulta Popular gerou um clima de tensões que acabou por culminar numa vaga de violência e terror perpetrada por milícias pró-indonésias com a conivência de elementos das TNI”, as forças armadas indonésias.

“O mundo assistiu, em choque, à destruição das infraestruturas do país. Casas foram incendiadas em todos os municípios e rapidamente foi semeado o clima de terror e de medo por todo o território. A política de ‘terra queimada’ resultou na destruição de perto de dois terços do território, incluindo uma boa parte do nosso património cultural, nossa memória institucional. Segundo o relatório da Comissão de Amizade, Verdade e Reconciliação, entre 1.400 e 1.500 pessoas foram assassinadas ou desapareceram ao longo do ano de 1999 e uma massa populacional de cerca de 250.000 timorenses refugiou-se em campos situados em Timor Ocidental”, descreveu.

A chegada da INTERFET a Timor-Leste viabilizou a instalação no território de muitas “organizações humanitárias”, que o chefe de Estado homenageou, antes de agradecer também aos media internacionais que “ousaram denunciar as atrocidades cometidas durante [esse] mês de Setembro (…)”.

“Sem eles, o mundo não teria tido conhecimento adequado sobre a nossa luta pela autodeterminação e independência”, disse.

Ao longo dos últimos 20 anos, “Timor-Leste tem vindo a construir as fundações de um novo Estado, com base numa Constituição moderna”, sublinhou ainda Lu-Olo.

“Os nossos desafios estão identificados. Importa apenas encontrar os caminhos certos para chegar a um modelo de desenvolvimento democrático e sustentável da nossa sociedade e que possa acabar com a pobreza, em todos os aspetos”, acrescentou.

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