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Presidente namibiano Hage Geingob reeleito com 56,3% do votos e regista quebra acentuada

O Presidente namibiano cessante, Hage Geingob, foi reeleito com 56,3 por cento dos votos expressos, o que representa uma quebra acentuada em relação aos 86 por cento que registou no sufrágio anterior, segundo os dados divulgados hoje pela Comissão Eleitoral.

O líder da Swapo (Organização do Povo do Sudoeste Africano), que está no poder desde a independência da Namíbia, em 1990, e como Presidente desde 2015, estava muito à frente de Panduleni Itula, o candidato dissidente da Swapo, que obteve 30 por cento dos votos, de acordo com os dados divulgados hoje à noite sobre as eleições gerais no país, realizadas na última quarta-feira, que adiantam que o partido no poder perdeu a maioria parlamentar.

O líder da oposição, McHenry Venaani, recebeu apenas 5,3 por cento dos votos dos eleitores namibianos. A proximidade passada do seu partido, o Movimento Democrático Popular (PDM), ao apartheid na África do Sul continua a desencorajar uma grande parte do eleitorado a votar naquela estrutura partidária.

“A democracia é o verdadeiro vencedor”, disse Hage Geingob, para quem “as eleições foram ferozmente contestadas”.

No entanto, Panduleni Itula e o líder de um novo partido da oposição, o Movimento Sem Terra (LPM), Bernadus Swartbooi, denunciaram uma fraude eleitoral. Em particular, Itula, que referiu terem existido “uma multiplicidade de irregularidades sem precedentes”.

O antigo dentista, de 62 anos, que acusa o presidente de vender a riqueza do país a estrangeiros, particularmente popular entre os jovens, ficou em primeiro lugar na capital da Namíbia, Windhoek.

“Serviu de trampolim para a frustração e reuniu todos os descontentes do presidente”, observou Graham Hopwood, do principal ‘think tank’ da Namíbia, o Institute for Public Policy Research.

A Namíbia foi o primeiro país africano a introduzir a votação eletrónica, em 2014. Este equipamento tem sido criticado pela oposição, que alega que a ausência de boletins de voto em papel aumenta a possibilidade de fraude.

A Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), por seu lado, considerou que as eleições “foram geralmente pacíficas, bem organizadas (…), permitindo aos eleitores o exercício do seu dever democrático”.

A comissão eleitoral informou também hoje à noite que a Swapo havia conquistado 65 por cento dos assentos na Assembleia Nacional. Na legislatura anterior, detinha 80 por cento dos círculos eleitorais.

A afluência às urnas para a eleição presidencial foi de 60 por cento.

Hage Geingob, 78 anos, tem liderado a Namíbia, um país deserto na África Austral, desde 2014.

Agora, foi reeleito, mas obteve a pior pontuação já alcançada pelo candidato do partido no Governo.

Apesar de um subsolo rico em recursos naturais, incluindo urânio, fundos marinhos ricos em peixe e diamantes, e do crescimento do turismo, a Namíbia está em recessão há vários anos.

A queda dos preços dos produtos de base e a seca persistente nas últimas épocas fizeram com que o produto interno bruto caísse dois anos seguidos (2017 e 2018) e o desemprego atingisse um terço (34 por cento) da população.

O regime do Presidente Geingob também tem estado envolvido num escândalo de corrupção.

Há algumas semanas, o Wikileaks publicou milhares de documentos acusando funcionários do governo de receber o equivalente a 10 milhões de dólares em subornos de uma empresa de pesca islandesa.

Dois ministros implicados neste caso foram obrigados a demitir-se apenas alguns dias antes das eleições, tendo um deles sido mesmo detido por algum tempo.

O chefe de Estado negou qualquer envolvimento no caso.

Cerca de 1,3 milhões de eleitores namibianos foram chamados às urnas no passado dia 27 para participarem nas eleições gerais do país, nas quais já era esperada uma clara vitória do atual Presidente e do seu partido.

A reeleição do Presidente namibiano, Hage Geingob, 78 anos, para um segundo mandato enquanto chefe de Estado da Namíbia era dada como praticamente certa, assim como a conquista da maioria dos 96 assentos parlamentares provenientes do seu partido, a Organização do Povo do Sudoeste Africano (SWAPO, na sigla inglesa).

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