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Presidente Erdogan ameaça um jornal por noticiar as armas dadas à Síria

Foto: Michał Józefaciuk/Senat Rzeczypospolitej Polskiej

Foto: Michał Józefaciuk/Senat Rzeczypospolitej Polskiej

A Turquia está a dar armas a uma facção rebelde da Síria, mas o regime de Erdogan não quer que isso se saiba. Foi o próprio Presidente turco quem ameaçou, publicamente, o jornal que revelou os contornos de uma entrega de armas aos rebeldes, durante uma entrevista na televisão.

O ‘todo-poderoso’ Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, aproveitou uma entrevista televisiva, em pleno horário nobre de domingo, para deixar uma ameaça pública a um jornal e a um profissional dos media.

Tudo porque o Cumhuriyet, um órgão conotado com a oposição ao regime, revelou imagens e pormenores de uma alegada entrega de armas a uma facção rebelde síria.

“Penso que a pessoa que escreveu este artigo vai pagar um preço muito alto por isso”, afirmou o Presidente turco, citado pela France Press.

“Não a deixarei sair disto impunemente”, garantiu ainda Erdogan.

Foi na sexta-feira que o Cumhuriyet publicou um vídeo, no site, e várias fotografias em que são visíveis morteiros e munições, ‘disfarçados’ de caixas de medicamentos.

As armas estariam a ser transportadas por camiões que, a nível oficial, tinham sido fretados por uma organização humanitária. A caravana foi inspecionada pela polícia turca perto da fronteira em janeiro de 2014, tendo seguido para a Síria.

Mas os camiões fretados, segundo documentos oficiais que foram divulgados na internet, pertencem na verdade à frota dos serviços de informações turcos (MIT).

O regime de Erdogan já rejeitou que esteja a apoiar qualquer facção rebelde que esteja combater o regime sírio de Bashar al-Assad.

“Essas afirmações difamatórias e esta operação ilegal contra o MIT constituem de certa forma um ato de espionagem”, comentou o Presidente, afirmando mesmo que “esse diário”, o Cumhuriyet, “está implicado nesse ato de espionagem”.

Ahmet Davutoglu, o primeiro-ministro da Turquia, também já criticado a “manipulação eleitoral” do jornal, numa alusão às eleições legislativas previstas para dia 7.

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