Nas Notícias

Presidente da BODIVA diz que empresas angolanas prepararam entrada em bolsa

Empresas angolanas do setor financeiro, dos petróleos e telecomunicações estão a preparar a entrada em bolsa, adiantou à Lusa o presidente da comissão executiva da Bolsa de Dívidas e Valores de Angola (BODIVA).

“Temos empresas privadas com dimensão crítica para irem à bolsa que estão neste momento em contactos, quer diretamente com a bolsa, quer através de intermediários financeiros”, que atuam na BODIVA, declarou Patrício Vilar, à margem de uma conferência sobre privatizações que decorreu em Luanda.

Sem querer detalhar quais as empresas que estão a preparar as operações, o responsável da BODIVA adiantou que atuam em setores que coincidem com os do plano de privatizações lançado pelo Governo de João Lourenço, em agosto, e que são também os que têm maior peso na economia angolana, nomeadamente o setor financeiro, dos petróleos e telecomunicações.

Para Patrício Vilar, este movimento reflete as mudanças no ambiente macroeconómico, que permitiu a redução das taxas dos títulos do Tesouro: “Agora já se pode dizer que se torna atrativo do ponto de vista de quem emite, oferecer uma taxa de retorno que seja compensadora para os investidores”.

A abertura de capital não vai, no entanto, acontecer para já.

“Um IPO [Initial Public Offering, entrada em bolsa] demora no mínimo um ano e é preciso que a empresa esteja muito bem estruturada. O que pode acontecer é que haja anúncio desses IPO ainda este ano”, considerou.

Durante a sua intervenção numa conferência sobre os desafios e oportunidades das privatizações em Angola, organizada pela sociedade de advogados Vieira de Almeida, o presidente da BODIVA sublinhou que, desde que começou a ser divulgado o Programa de Privatizações (ProPriv), começaram a surgir investidores e empresários instalados em território angolano interessados em financiarem-se através da bolsa.

“Os empresários já começaram a perceber que a vinda de capital pode ser uma oportunidade para se financiarem através da bolsa”, notou Patrício Vilar, algo praticamente impossível quando as ‘yields’ (taxa de juro) garantidas pelos títulos do Estado estavam em valores demasiado elevados.

Segundo o presidente da BODIVA, “começa a surgir uma janela de oportunidade para que os empresários comecem a emitir obrigações”.

“Se assim não fosse não vinham bater à porta no sentido de prepararem emissões”, afirmou.

O responsável falou também sobre a confiança que atualmente os investidores sentem, citando a criação da Autoridade Reguladora da Concorrência, que começou a funcionar no início deste ano, e processos de “transparência” como a divulgação das contas do Setor Empresarial do Estado (SEP) como fatores importantes.

“Pela primeira vez publicaram-se as contas públicas com parecer do auditor, para que os potenciais compradores saibam como estão as empresas”, realçou.

Quanto à atual fase do mercado de capitais em Angola, afirmou que “não se pode chamar fantasma” quando “já transaciona cerca de 5 milhões de dólares por ano”, e o facto de transacionar apenas um único título privado (do Standard Bank Angola) responde à urgência de mudança do paradigma, deixando de haver um Estado “que era pai, mãe e financiava tudo”.

“Este modelo não tem mais consistência e chegou a altura de se entregar a economia a quem a sabe dinamizar. No momento em que isso acontecer vamos ter a substituição da transação de títulos do Estado por privados”, assinalou Patrício Vilar.

Em destaque

Subir