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Presidente chinês promete proteger setor privado para garantir um “amanhã melhor”

Uma carta aberta, assinada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, e difundida no domingo, promete que Pequim vai continuar a valorizar e proteger o setor privado, para garantir um “amanhã melhor”, numa altura de abrandamento económico.

Numa mensagem que visa dar confiança aos capitalistas chineses, quando o ritmo de crescimento económico caiu para o nível mais baixo desde 2009, Xi disse que Pequim reconhece plenamente o papel do setor privado, e que o Partido Comunista Chinês (PCC) vai continuar a saudar o seu desenvolvimento.

O contributo histórico do setor privado é “inesquecível” e “não deve ser posto em causa”, lê-se na mesma carta, publicada pela agência noticiosa oficial Xinhua. “Qualquer palavra ou ato que negue ou enfraqueça a economia privada é um erro”, afirmou Xi Jinping.

O líder chinês garantiu que o apoio ao setor privado é uma política “constante” do Comité Central do PCC. “E isso é inabalável”, realçou.

Apesar de as empresas privadas chinesas partilharem do mesmo estatuto legal das firmas estatais, na prática, as segundas têm mais apoio dos bancos, dominados pelo Estado, e gozam de tratamento preferencial por parte das autoridades.

Na sexta-feira, o vice-primeiro ministro chinês, Liu He, o principal assessor económico de Xi, admitiu que a descriminação contra o setor privado é comum nas instituições financeiras do Estado.

“Alguns funcionários acreditam que é sempre seguro emprestar a firmas do Estado, mas que é politicamente sensível emprestar a firmas privadas – eles preferem não agir a cometer qualquer erro político”, explicou, citado pela Xinhua.

“Este tipo de ideias e práticas são completamente erradas”, disse.

Historicamente, o PCC teve uma postura hostil para com o setor privado, devido a posições ideológicas anti capitalismo.

Após a fundação da República Popular, em 1949, o Governo apoderou-se do setor privado, num processo designado de “transformação socialista”.

Durante a Revolução Cultural (1966-76), radical campanha política de massas, os bens privados foram confiscados pelas autoridades e os donos de negócios purgados.

Nos anos 1980, a política de Reforma e Abertura, adotada pelo líder chinês Deng Xiaoping, impulsionou o setor privado, que hoje contribui para mais de metade da receita tributária do país, 60 por cento do Produto Interno Bruto ou 80 por cento dos postos de trabalho nas cidades, de acordo com Governo chinês.

A carta de Xi surge numa altura de abrandamento da economia chinesa.

No terceiro trimestre do ano o crescimento económico abrandou para 6,5 por cento, em termos homólogos, o ritmo mais lento desde o primeiro trimestre de 2009, segundo dados publicados na semana passada.

O investimento em ativos fixos, motor fundamental do crescimento, abrandou para 5,4 por cento, nos primeiros nove meses do ano, face ao mesmo período do ano passado.

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