Mundo

Presidente argelino renuncia a quinto mandato e adia eleições

O Presidente argelino, Abdelaziz Bouteflika, confrontado há mais de duas semanas com protestos inéditos em 20 anos de poder, anunciou hoje que renuncia a um quinto mandato e o adiamento ‘sine die’ das presidenciais previstas para 18 de abril.

Numa mensagem ao país divulgada pela agência oficial APA, Bouteflika precisa que as eleições presidenciais deverão ocorrer “no prolongamento” de uma “conferência nacional” responsável pela reforma do sistema político e a elaboração de um projeto de Constituição até finais de 2019.

A decisão coincide com protestos massivos nas ruas de todo o país contra a decisão de Bouteflika, 82 anos, de optar pela reeleição para um quinto mandato consecutivo nas presidenciais de 18 de abril.

Os protestos na Argélia, que se iniciaram há alguns meses nas bancadas dos campos de futebol, alastraram para as ruas em 22 de fevereiro, dois dias antes da partida de Bouteflika para Genebra onde esteve hospitalizado até domingo, e que também forçou o regime a suspender a inauguração do novo aeroporto de Argel, à qual deveria presidir.

Desde então, em particular às sextas-feiras, dia sagrado para ao muçulmanos, milhões de pessoas têm protestado contra a corrupção de um regime dominado pelas Forças Armadas e os serviços secretos e que se enquistou progressivamente desde o fim da guerra de libertação, iniciada em 1954, e a independência da França em 1962.

Os estudantes têm mantido a pressão na rua, o que conduziu o regime a antecipar por dez dias as férias universitárias, que se iniciaram hoje no país.

Na presidência desde 1999, Bouteflika sofreu em 2013 um “derrame cerebral” que afetou as suas faculdades físicas e o impedir de fazer campanha nas presidenciais do ano seguinte, que voltou a vencer apesar dos protestos de uma oposição muito controlada.

Desde então não se exprime em público, move-se numa cadeira de rodas manejada pelo seu irmão Saïd e as suas aparições públicas são raras, e geral reduzidas a imagens gravadas pela televisão estatal por motivo do Conselho de ministros ou de vistas de altos dignitários estrangeiros.

Bouteflika não viaja há muito para o estrangeiro e nos dois últimos anos cancelou no último momento, por “recaídas de saúde”, reuniões já confirmadas com altos responsáveis estrangeiros, incluindo a chanceler alemã Ângela Merkel e o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammad bin Salman.

Em destaque

Subir