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Preocupações de jovens angolanos serão reportadas ao papa Francisco em outubro

Jovens católicos angolanos esperam “respostas firmes” da igreja sobre temas polémicos, como o aborto, e pretendem apresentar as suas preocupações ao papa Francisco, em outubro, durante o Sínodo dos Bispos Católicos dedicado à juventude, que vai decorrer em Roma.

O posicionamento foi expresso hoje, em Luanda, por Armando Manuel, membro do voluntariado da Universidade Católica de Angola (UCAN), durante um Colóquio Pré-Sinodal, sobre “Os Jovens, a Fé e o Discernimento Vocacional”, com vista ao Sínodo de Roma de 03 a 28 de outubro.

Falando sobre as expectativas dos jovens, neste encontro organizado pelo Centro Fé e Cultura da UCAN, Armando Manuel defendeu ainda que a Igreja “deve continuar jovem, viva e forte, atuante e incisiva sempre presente nas periferias, ali onde existem muitos jovens de realidades diferentes”.

“Estamos também expectantes com as resoluções que o Sínodo dos Bispos de outubro vai trazer à Igreja em geral e à nossa em particular (… e) que deste Sínodo saiam diretrizes para melhor acompanhamento dos jovens nas suas decisões”, afirmou.

Na sua intervenção, a que assistiram vários jovens católicos, estudantes e seminaristas no auditório da UCAN, Armando Manuel aplaudiu a posição da igreja “em não se tornar secularizada”, defendendo “mais debates francos e abertos” sobre assuntos que preocupam a juventude.

“Maior clareza na abordagem dos assuntos socialmente polémicos; muito deles chamam-nos a atenção e envolvem cada vez mais a vida dos jovens, temas como o aborto, relação sexual só no casamento, assuntos políticos, drogas, criminalidade, violência na família. Queremos uma igreja que nos ajuda a dar respostas firmes nesses assuntos”, apontou.

A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) decidiu em 2017 dedicar um “triénio à juventude”, com o tema “Jovem, quero ficar em tua casa”, manifestando-se solidária com as atuais preocupações dos jovens, desde a “falta de emprego, ensino, e desestruturação das famílias”.

O também docente da Universidade Católica de Angola assinalou a importância do triénio que se estende até 2020, considerando ser “um tempo de graça vermos a Igreja toda virada para nós, preocupada em nos ouvir, decidida a ser uma igreja verdadeiramente em saída”, expressão utilizada pelo papa Francisco.

“A juventude quer continuar a acreditar, contando sempre com o suporte daqueles que são os nossos pastores. Queremos uma igreja angolana próxima do jovem, atenta nas suas dificuldades e capaz de ser uma verdadeira mãe e mestra, que acolhe e não exclui”, adiantou.

Ainda na ocasião, Zeferino Zeca Martins, arcebispo auxiliar de Luanda e padre sinodal, que presidiu a este Colóquio Pré-Sinodal, fez saber que Angola participou em julho num encontro preparatório conjunto entre as conferências episcopais da África Austral com vista ao encontro de Roma.

De acordo com o também presidente da Comissão Episcopal para a Juventude da CEAST, os bispos africanos serão os porta-vozes dos jovens em relação as suas mais variadas preocupações direcionadas sobretudo as lideranças africanas.

“Os nossos jovens na África Austral preocupam-se de tal maneira que a igreja forme famílias enraizadas na verdadeira espiritualidade cristã católica e nos princípios morais, e pediram-nos ainda que a igreja faça uma advocacia séria diante das estruturas políticas e sociais”, afirmou.

Os jovens africanos, ainda segundo, Zeca Martins, pediram também para que os líderes políticos de África nas suas políticas “contemplem essencialmente os jovens” para que estes “não continuem a ser meros consumidores na vida dos mais velhos, eles querem ser participantes na feitura dessas políticas”.

“E ainda pediram que a igreja intervenha de modo sério, para que não continuem a morrer mais jovens africanos no mar Mediterrâneo”, rematou.

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