A falta de um acordo para fixar o preço dos novos medicamentos para a hepatite C pode levar à morte dos doentes. O alerta é de Emília Rodrigues, presidente da Associação SOS Hepatites, que apresenta números diferentes sobre os pacientes em tratamento face ao Infarmed.
Há um novo medicamento para tratar a hepatite C, mas o Governo ainda não chegou a acordo com o laboratório responsável para fixar um preço. Sem acesso a esta terapia, alerta a presidente da Associação SOS Hepatites, Emília Rodrigues, os doentes mais graves correm o sério risco de morrer enquanto esperam.
Entrevistada pela Antena 1, Emília Rodrigues discordou ainda dos números apresentados pelo Infarmed – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde.
Segundo o regulador, citado pelo Público, há 49 pacientes a quem foi disponibilizado o medicamento inovador, no âmbito de um programa que previa o fornecimento da medicação, ainda este ano, a cerca de 150 infetados mais graves e em risco de vida.
Porém, a presidente da Associação SOS Hepatites afirmou que há apenas 11 a 15 doentes a receber o tratamento.
O presidente do Infarmed, referiu a Antena 1, adiantou que se não há mais pacientes a serem tratados é por causa dos procedimentos dos hospitais, um argumento que também foi contestado por Emília Rodrigues.
“Seja do hospital, seja do Infarmed, seja culpa de quem for, os doentes continuam a agravar a sua patologia, a doença vai progredindo. Neste momento estamos mesmo aflitos, porque há casos que necessitam mesmo do tratamento”, realçou a dirigente.
“Se não tratam estes 150” pacientes mais graves “este ano duvidamos de que vão tratar 1200 para o ano e vai haver gente a morrer”, alertou Emília Rodrigues, explicando o que acontece enquanto o Governo e o laboratório não chegam a um acordo: “Quem sofre são os doentes e as famílias”.
A dirigente da SOS Hepatites salientou que os médicos estão a reavaliar as situações após a mudança nas normas de acesso ao medicamento e acusou as administrações hospitalares de não enviarem os pedidos de autorização especiais para o Infarmed.
Já aprovados pela Agência Europeia do Medicamento, os novos tratamentos para a hepatite C apresentam taxas de cura superiores a 90 por cento, com o benefício de, no caso de Portugal, poderem evitar quase 500 transplantes hepáticos (um processo muito mais dispensioso) até 2030.