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Presidente búlgaro saúda relações entre Bulgária e Portugal como sinal para Europa unida

O Presidente búlgaro, Rumen Radev, saudou hoje em Lisboa “as relações construtivas entre a Bulgária e Portugal” como um sinal para o futuro europeu, por serem dois Estados capazes de “encontrar posições comuns com base nos valores europeus”.

No primeiro dia de uma visita de Estado a Portugal, a convite do seu homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente búlgaro declarou que as relações entre os dois países “são um símbolo para o futuro da Europa, uma vez que dois Estados que se encontram nas pontas da Europa conseguem trabalhar num espírito de cooperação e diálogo, para procurar encontrar posições comuns unindo-se com base nos valores europeus”.

“Este facto dá um novo impulso às ideias europeias, um novo impulso ao seu desenvolvimento sustentável e é a nossa esperança para uma Europa forte, sólida, estável”, frisou Rumen Radev.

O governante búlgaro disse-se “muito contente” por ter encontrado hoje, mais uma vez, “muitas posições semelhantes [às de Portugal] relativamente ao futuro da Europa, à estabilidade, ao Brexit, aos populismos ocidentais, ao futuro da União Europeia e às relações entre a União Europeia e a Turquia”.

“Estou muito contente por partilharmos posições muito semelhantes sobre políticas de coesão e desenvolvimento, não só porque contamos muito para a elaboração do quadro económico multilateral, mas também porque estamos a olhar para uma Europa forte no futuro”, observou.

Num “momento complicado”, em que se assiste a “uma Europa dividida e com muitas contradições, uma Europa em que estão em ação muitas forças que pretendem dividi-la, nós estamos a dar o exemplo de que podemos unir-nos, de que somos capazes disso”, insistiu.

Sobre a política migratória da UE, o Presidente búlgaro referiu-se ao Pacote de Mobilidade 1, “que há muito pouco tempo esteve no centro de tensões na comunidade europeia”, congratulando-se, mais uma vez, por partilhar com Portugal a opinião de que a aplicação dessas medidas “terá um efeito muito negativo não só para a Bulgária, como para muitos outros países da Europa, por ser contrário à ideia de uma Europa unida”.

“Nós, em nome dos nossos cidadãos, temos de procurar encontrar soluções para estas questões, que são muito importantes para o nosso futuro, o futuro europeu”, sustentou.

“A Bulgária e Portugal, enquanto países fronteiriços, estão expostos à pressão migratória e defendem a posição de que as fronteiras da Europa devem ser reforçadas e bem defendidas: temos de fazer com que a política de migração da Europa funcione – porque, neste momento, não está a funcionar – e, nesse sentido, temos de apoiar-nos em princípios muito claros, procurando um equilíbrio entre a dignidade humana e a segurança e o futuro da Europa”.

Radev considerou que “devem existir centros [de triagem de migrantes], não dentro dos países, mas fora da União Europeia, onde se possa fazer as pesquisas rápidas para esclarecer se aquela pessoa que quer asilo é mesmo uma pessoa que precisa de asilo ou tem outras intenções”.

O Presidente búlgaro defendeu também que é “importante celebrar acordos de readmissão que permitam devolver pessoas”, acrescentando: “Já temos acordos com o Afeganistão, o Paquistão e com outros países”.

“Temos de reforçar as possibilidades de readmissão para que possamos garantir mais segurança na Europa, melhor avaliação do risco: a Europa, se quer integrar pessoas de outros países, tem que fazer isso de forma correta, porque neste momento esse processo não está a funcionar bem, a nossa segurança ainda não está bem preservada”, reiterou.

Inquirido sobre a saída do Reino Unido da UE, o Presidente búlgaro disse que “o mais importante, no que diz respeito ao Brexit, é preservar uma posição europeia unida para a solução dos problemas”, apesar de “diferentes países terem sensibilidades diferentes”.

“Devo dizer que, como Portugal, a Bulgária tem uma grande comunidade em Inglaterra: são cerca de 200.000 pessoas que vivem e estudam lá, pessoas que contribuem muito para a economia e para o sistema social do país”, indicou.

Para cumprir “o objetivo prioritário” do seu país, “defender os direitos destas pessoas”, e perante “todos os problemas que estão a acompanhar neste momento o processo do Brexit e a falta de clareza sobre como vai ser concluído”, a Bulgária elaborou, à semelhança de muitos outros dos Vinte e Oito, entre os quais Portugal, um plano de contingência “que abrange aspetos económicos, administrativos e políticos para defender os direitos das pessoas dos dois lados: das comunidades búlgaras no Reino Unido e dos cidadãos britânicos que vivem na Bulgária”.

“Os direitos destas pessoas têm de ser assegurados, porque é esse o futuro da Europa. Se não conseguirmos defender os direitos dos nossos cidadãos, então, falhámos”, observou.

Apesar das dificuldades que o Reino Unido está a ter na aprovação pelo seu Parlamento do acordo de saída negociado com Bruxelas, Radev disse esperar “uma boa saída”.

“É claro que temos de tomar todas as medidas necessárias para minimizar os danos para a economia”, comentou, acrescentando: “Pelo que sei, no que diz respeito a Portugal, uma saída [do Reino Unido da UE] sem acordo custaria ao país 1 por cento a 2 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) e seria danosa para a economia nacional”.

No final da sua intervenção, no Palácio de Belém, onde foi recebido por Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente búlgaro expressou a sua “firme convicção sobre o futuro comum” de Portugal e da Bulgária, sobre “a futura cooperação entre ambos os países em prol do futuro dos respetivos povos”.

“Partilhamos a mesma visão da vida, o mesmo destino histórico: ambos os povos carregam semelhantes reviravoltas históricas, ambos os povos conseguiram encontrar forças para superar tais reviravoltas”, destacou.

Rumen Radev informou ainda que “com o apoio do Estado búlgaro, a plataforma do Instituto Camões está cada vez mais popular” no seu país, o que leva a crer que “a cooperação com Portugal no âmbito da ciência, da educação e da investigação continuará a intensificar-se”.

Por fim, agradeceu o apoio concedido aos seus compatriotas “aqui em Portugal”: “São poucos, são cerca de 13.000, e graças ao apoio prestado, eles estão a evoluir aqui, estão a comprovar o seu valor enquanto cidadãos e membros da comunidade”.

“Para nós, é muito importante que estas pessoas continuem a preservar a sua identidade, a sua cultura, a sua língua, pelo que agradecemos: Obrigado, senhor Presidente. Estou à sua espera na Bulgária”, concluiu.

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