As autoridades moçambicanas deverão restringir o abastecimento de água à capital, Maputo, e a outras zonas do sul do país nos próximos meses, devido à falta de chuva.
A medida “é inevitável se o comportamento hidrometeorológico prevalecer”, disse Agostinho Vilanculos, chefe do departamento de Gestão de Bacias Hidrográficas, no Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos (MOPHRH) em entrevista à Lusa.
A água está em níveis muito baixos nas albufeiras dos Pequenos Libombos, Corumana e Massingir, todas no sul do país.
No caso dos Pequenos Libombos, que abastece diretamente Maputo, está a 24 por cento da capacidade (cerca de um quinto), enquanto Corumana, fonte alternativa, está a 26 por cento.
Se hoje o abastecimento é feito sem limitações às cidades de Maputo, Matola e Boane, o cenário deverá mudar.
Caso contrário, “poderemos ficar numa situação muito difícil”, referiu Agostinho Vilanculos.
“No final de dezembro temos de nos sentar, porque as previsões indicam que em janeiro e fevereiro teremos chuvas normais ou abaixo do normal”, disse.
A escassez de chuva é cada vez mais um cenário crónico no sul de Moçambique, com as restrições ao abastecimento (apenas algumas horas por dia ou em dias alternados) a serem habituais nos últimos anos.
A barragem de Corumana é o retrato da escassez: está a operar quase sempre a cerca de 25 por cento da capacidade devido a anos consecutivos de seca desde 2012 – e é nesta barragem que decorrem obras para reforçar a capacidade.
Há cinco bacias hidrográficas na zona sul, mas apenas uma, de Umbeluzi (com os Pequenos Libombos) abastece a cidade de Maputo, sendo que a barragem de Corumana aloca água para Xinavane e Marragra, funcionando como fonte alternativa para a cidade de Maputo.
Agostinho Vilanculos defendeu que deve ser retomado o projeto da barragem de Moamba-Major, por ser a alternativa mais viável para abastecimento de água na região da cidade de Maputo, Matola e Boane.