Os portugueses mais ricos têm evitado os bancos na hora da poupança. Só em 2015, os grandes depósitos, que sustentam o Fundo de Garantia de Depósitos, perderam cerca de 3400 milhões de euros face ao ano anterior.
A tendência já vinha desde o início da crise económica, em 2011, mas agravou-se em 2015 com a perda de confiança nos bancos, motivada por uma série de escândalos financeiros, como a implosão do BES.
Nesse ano de 2011, os grandes depósitos (com montantes acima dos 100 mil euros, o valor que o Estado garante) tinham um peso de 41,5 por cento do total das poupanças aplicadas em depósitos bancários. Em 2015, segundo os números avançados pelo Público, tinha caído para os 36 por cento.
São dados preocupantes porque é o dinheiro dos grandes depósitos que sustenta o Fundo de Garantia de Depósitos, ou seja, o ‘seguro’ com que o Estado garante a segurança dos depósitos bancários, sendo um pilar da confiança no sistema bancário.
Regressemos ao BES a título de exemplo: quem tinha depósitos bancários manteve o dinheiro, mas quem o tinha em aplicações financeiras (mesmo que aplicado sem conhecimento e/ou autorização, como alegam milhares de lesados) perdeu-o com a falência do banco.
Os dados permitem também aferir o aumento da desigualdade social em Portugal, pois os grandes depósitos pertencem a apenas 1,3 por cento dos depositantes. Ou seja, o dinheiro de 99 por cento dos depositantes corresponde a menos de dois terços (64 por cento) do total depositado nos bancos.
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