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Portugueses querem menos filhos nos próximos três anos, mostra inquérito do INE

recem nascidoEm cada quatro portugueses, três não tencionam ter filhos nos próximos três anos. É a principal conclusão do Inquérito à Fecundidade 2013, do INE. Como se explica a quebra na fecundidade? “A esmagadora maioria da população”, responde uma investigadora “não quer” ter filhos.

Entre os 28 da União Europeia, Portugal é o país onde as mulheres têm menos filhos. Mas os dados do Inquérito à Fecundidade 2013, hoje apresentados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e pela Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), mostram um cenário ainda mais assustador.

Há menos nascimentos, o número de filhos desejados também cai e o próprio anseio em ser pai ou mãe também é cada vez menos comum: as intenções para os próximos três anos mostram que só um em cada quatro portugueses assume o desejo de ter uma descendência.

Segundo o relatório, mais de metade da população atualmente já não quer ter filhos ou não quer ter mais filhos do que já tem. E, quanto aos próximos três anos, três quartos da população não tenciona ‘fazer’ um bebé.

“Verifica-se uma tendência decrescente quando se observa o número ideal de filhos numa família, o número de filhos que as pessoas desejam para si ao longo da vida e aqueles que efetivamente esperam ter”, realça o destaque do INE.

O próprio documento aponta alguns fatores que ajudam a explicar esta tendência: “os contextos sociais, económicos, culturais, geográficos, entre outros, têm impactos decisivos nos percursos de fecundidade das pessoas”.

A investigadora Maria João Valente Rosa avança com outra explicação, bem mais simples: “é mesmo porque não quer”.

“A intenção e o desejo de descendências numerosas não existe para a esmagadora maioria da população”, analisou a especialista.

Quando os primeiros resultados do inquérito foram apresentados, em novembro do ano passado, Portugal já estava na cauda da Europa no plano da fecundidade.

A divulgação dos resultados completos evidencia que, em média, os portugueses têm um filho (1,03) e pensam vir a ter no máximo 1,78, embora gostassem de ter 2,31 filhos e considerem 2,38 como o número ideal.

A análise torna-se mais negra quanto mais aumenta a distância para o índice de renovação das gerações, que é de 2,1 filhos. Em Portugal, a média é de 1,21 filhos por mulher, o que trará consequências gravíssimas em termos demográficos e sociais, em especial.

A análise do INE refere que as expectativas das pessoas “vão sendo ajustadas ao longo da vida em função, entre outras variáveis, da entrada na parentalidade e do número de filhos que já têm”.

Como cada vez há menos filhos e são concebidos em idade mais tardia, o ciclo vai-se agravando.

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