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Portugueses fazem cada vez menos exercício físico

O número de portugueses com 15 ou mais anos que “raramente” ou “nunca praticaram” exercício ou desporto aumentou nos últimos anos, passando de 66 por cento em 2009 para 74 por cento em 2017, segundo dados divulgados pela Direção-Geral da Saúde (DGS).

Os dados fazem parte do Eurobarómetro (dados de Dezembro 2017) e estão publicados no relatório anual do Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física (PNPAF), divulgado hoje.

Segundo o Eurobarómetro, que permitiu analisar evolutivamente vários indicadores face aos dados obtidos em 2009 e 2013, apenas 5 por cento dos portugueses inquiridos disseram praticar regularmente atividades físicas, como andar de bicicleta para deslocações, dançar ou fazer jardinagem, valor inferior à média europeia (14 por cento).

Em contraste, o número dos que nunca praticaram estas atividades situou-se nos 64 por cento (60 por cento em 2013 e 36 por cento em 2009).

Quase metade (47 por cento) disse caminhar 10 minutos ou mais em, pelo menos, quatro dias por semana, enquanto 29 por cento nunca andaram mais de 10 minutos por dia, em 2017. Este último valor corresponde ao segundo mais alto da Europa, depois do Chipre (32 por cento), sendo a média europeia de 15 por cento.

Mais de um terço (34 por cento) dos portugueses passaram mais de cinco horas e meia por dia sentados em 2017, contra 24 por cento em 2013, um dos valores mais baixos da Europa, onde a média é de 41 por cento. Apenas 10 por cento dos portugueses reportam passar mais de oito horas e trinta por dia sentados (12 por cento é a média europeia).

Os principais motivos pelos quais os portugueses praticam atividade física prende-se com o desejo de melhorar a saúde (51 por cento), relaxar (38 por cento) e melhorar a aptidão física (36 por cento).

A falta de tempo é a principal barreira, referida por 43 por cento, seguida da falta de interesse ou motivação (33 por cento), valor que é o mais elevado da Europa (média de 20 por cento). Portugal também lidera na perceção de que a atividade física é demasiado dispendiosa, com 13 por cento a referir essa barreira (7 por cento na Europa).

Comentando estes dados à agência Lusa, Marlene Silva, da direção do PNPAF, afirmou que estes revelam “não só que a população portuguesa tem dados elevados de inatividade física”, como essa tendência se vai “agravando de Eurobarómetro para Eurobarómetro”.

Marlene Silva explicou que foi o diagnóstico da população portuguesa ser “predominantemente inativa e com elevados níveis de sedentarismo” que levou à criação do Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física no final de 2016, pela DGS, com o objetivo de “ter linhas de ação de forma mais concertada para inverter esta tendência”.

Apesar de se observar “uma tendência crescente para as pessoas utilizarem os espaços públicos”, com cada vez mais pessoas a caminhar, a utilizar a bicicleta, a brincar com os filhos no parque, “isso ainda não marca uma tendência nacional expressiva que se reflita ao nível de dados epidemiológicos”.

“Mas estamos confiantes que estamos a traçar o melhor caminho”, adiantou.

Para isso, foram desenvolvidas políticas públicas de promoção da atividade física, mas que “demoram o seu tempo” a produzir efeitos.

“Intervenções recentes demoram o seu tempo para ganhar escala e se refletirem a nível populacional”, disse Marlene Silva, que vai substituir Pedro Teixeira no cargo de diretor do PNPAF.

O relatório divulga também dados do Inquérito Nacional “Os Portugueses e a Atividade Física: Barómetro 2017”, que revelam que, apesar de 76 por cento dos portugueses considerarem que a atividade física um comportamento muito importante para a saúde, apenas 2 por cento conhecem as recomendações internacionais da Organização Mundial da Saúde para a prática de exercício.

Já 43 por cento não reconhecem atividades da rotina diária, como subir escadas, como formas de atividade física, referem os dados, observando que Portugal se encontra na 11.ª posição dos países com maior prevalência de inatividade física no mundo.

Globalmente, os dados mostram atitudes positivas em torno da atividade física: 93 por cento consideram que é muito importante aumentar a utilização diária dos transportes públicos ou da bicicleta como formas de mobilidade, 100 por cento consideram que a prática regular de atividade física aumenta a qualidade de vida.

“De um modo relativamente generalizado, a população portuguesa evidencia atitudes e perceções positivas em relação à atividade física”, refere o documento.

Contudo, identifica a necessidade de se continuar a investir na literacia da população face a este tema, através de estratégias de comunicação robustas, bem como na promoção da atividade física através do SNS.

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