Portugal está em segundo lugar entre os países europeus num ‘ranking’ sobre ambição em metas e medidas para cumprir o Acordo de Paris contra as alterações climáticas, sendo somente ultrapassado pela Suécia, segundo um estudo hoje divulgado.
A grande maioria dos Estados-membros da União Europeia (UE) “está a falhar o objetivo” de alcançar as metas do Acordo de Paris e Portugal está entre os poucos países que tem apelado para metas e políticas mais ambiciosas na área da energia e clima, como a redução das emissões de gases com efeito de estufa, conclui o estudo apresentado pela Rede Europeia de Ação Climática (CAN-Europe).
Intitulado “Off target: Ranking of EU countries’ ambition and progress in fighting climate change”, o estudo avalia o papel que os Estados-membros estão a desempenhar na definição de metas e políticas ambiciosas na área da energia e clima e o progresso que estão a fazer na redução das emissões de gases com efeito de estufa e na promoção das energias renováveis e eficiência energética.
O trabalho foi divulgado em Portugal pela Associação Sistema Terrestre Sustentável, Zero, que integra a CAN-Europe, e lista nos primeiros lugares a Suécia (77 por cento), Portugal (66 por cento), França (65 por cento), Holanda (58 por cento) e Luxemburgo (56 por cento), considerando que não há qualquer país a preencher os requisitos para ocupar o primeiro lugar.
“Temos um segundo lugar que no fundo é um terceiro, na medida em que nenhum país da Europa atinge os 100 por cento, somos o segundo país porque a Suécia nos consegue superar nesta seriação dos 28 países da União Europeia”, disse à agência Lusa o presidente da Zero, Francisco Ferreira.
Para o ambientalista este resultado “muito simpático” para Portugal mostra que o país “tem um caminho que não pode perder em termos de oportunidade” para cumprir o Acordo de Paris.
“Reflete acima de tudo o esforço que Portugal tem vindo a fazer, quer internamente, quer nas negociações à escala europeia e, nesse contexto, tem sido dos países que tem defendido metas mais ambiciosas” para a redução de gases com efeito de estufa, apontou.
Entre os aspetos positivos, que pesaram na classificação, estão questões na área da energia e do clima, “à escala europeia e em termos de defesa de políticas mais ambiciosas” e à escala nacional, com “vários compromissos nomeadamente a retirada do carvão até 2030 e a neutralidade carbónica em 2050”, explicou Francisco Ferreira.
“Infelizmente, Portugal tem também aspetos negativos aqui ponderados, nomeadamente a possibilidade de vir a explorar petróleo e gás é, sem dúvida, visto à escala europeia, como um retrocesso potencial e relevante”, realçou, acrescentando que, em relação ao uso do carvão, o Governo fixou a data de 2030 para terminar, mas “era bom que acontecesse antes”.
Para o especialista em alterações climáticas, no trabalho da CAN-Europe “há algumas surpresas”, como a Finlândia, que está em nono lugar, o último lugar da Polónia “acaba por ser inevitável” porque o país continua a apostar muito no uso do carvão e “tem dificultado muitas das negociações à escala europeia”, além do penúltimo lugar para a Irlanda e o sexto para a Dinamarca.
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