Portugal vai pedir ajuda à União Europeia para debelar os efeitos da seca que, em final de inverno, continua a fustigar o país. Os ministros da Agricultura dos 27 vão analisar o problema (partilhado por Espanha) na reunião da próxima semana, alguns dias depois da ministra Assunção Cristas ter rezado por mais visitas da chuva.

A ministra Assunção Cristas é “uma pessoa de fé” e rezou pela chegada da chuva, mas a seca continua a demorar-se pela Península Ibérica neste fim de inverno. “Se não vier de todo, não perderei a minha fé, mas teremos obviamente de atuar em conformidade”, complementou a ministra, isto em finais de fevereiro.

Ontem, a presidência dinamarquesa da União Europeia confirmou que a seca na Península Ibérica será um dos tópicos mais importantes na reunião que, de segunda a terça-feira, vai juntar todos os ministros da Agricultura dos 27. Portugal e Espanha vão apresentar um pedido de adiantamento dos pagamentos de ajudas diretas e ‘rezar’ por uma autorização especial que atribua medidas de compensação aos agricultores, bem como uma flexibilização no regime de prémios para vacas em aleitamento.

“A pior desde há muitos anos nesta área tem um impacto direto na agricultura e no setor da silvicultura”, justificou o Conselho de Ministros da União Europeia, lembrando que em Portugal “foi necessário usar irrigação no setor hortícola, com os inerentes custos acrescidos de produção”. Na primeira quinzena deste mês, a falta de chuva elevou a faixa nacional em “seca extrema” de 32 para 53 por cento, com os restantes 47 por cento do território em “seca severa”, de acordo com o Observatório de Secas do Instituto de Meteorologia.

Com a ministra “de fé” em Angola, Portugal vai estar representado na reunião pelo secretário de Estado. José Diogo Albuquerque aproveitará para anunciar à União Europeia as medidas ontem aprovadas pelo Governo, que contemplam um pacote de apoios no valor de 90 milhões de euros, 50 milhões dos quais em linha de crédito.