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Portugal: Mortes por pneumonia ditam terceiro lugar a nível europeu

pneumonia

Só em dois países superaram Portugal na taxa de mortalidade provocada pela pneumonia, em 2013. Os dados preocupam a Fundação Portuguesa do Pulmão, que vai investigar as possíveis causas numa parceria com a Universidade do Minho.

Em Portugal, a pneumonia mata 26,6 em cada 100 mil pessoas, um valor muito acima da média europeia (13 por 100 mil) e que apenas é superado por Reino Unido e Eslováquia.

Os dados referem-se a 2013, são da Comissão Europeia e foram citados pelo Observatório Nacional das Doenças Respiratórias (ONDR), que alerta para a presença de Portugal neste pódio europeu da mortalidade associado a esta doença respiratória.

No mesmo relatório, o ONDR aponta a necessidade de ser implementado um programa que reduza a mortalidade, que é o dobro da média dos 28, e até os internamentos: só nesse ano de 2013 foram mais de 41 mil.

Mais assustador ainda é ver a evolução da taxa: as mais de 13 mil mortes provocadas por doenças respiratórias em 2013 significam um aumento de 28 por cento face aos dados de há 16 anos.

Analisando por doenças, o ONDR constatou que a mortalidade da pneumonia agravou-se em 52 por cento em apenas dois anos, enquanto os cancros do aparelho respiratório (pulmão, traqueia e brônquios) subiram em 33 por cento.

Já os internamentos, segundo os mesmos dados, subiram 171 por cento ao longo de duas décadas.

“Temos anualmente um número de casos de pneumonia que ultrapassa os 150 mil e que motivam mais de 40 mil internamentos, dos quais resultam mais de 400 mil dias de internamento”, insistiu o ONDR.

O relatório mostrou que “a gravidade da situação é ainda sublinhada pelos dados divulgados pela Comunidade Europeia, onde se constata que, nos 28 países, a mortalidade média por pneumonia é de 13 por 100 mil habitantes, ao passo que em Portugal é de 26,6 por 100 mil (só ultrapassada pelo Reino Unido e Eslováquia)”.

No ponto da mortalidade registada durante os internamentos, a taxa aproximou-se dos 20 por cento: “Tão elevada mortalidade intra-hospitalar por pneumonia sugere que muitos casos poderão chegar tardiamente aos hospitais”.

“Não parece ser nos locais onde há mais pneumonias que há mais mortalidade”, complementou António Carvalheira Santos, do ONDR.

“Até agora, o que nos parece é que os doentes que mais morrem são os que têm menos tempo de internamento. Parece que terão recebido mais tarde cuidados de saúde, parece-nos que os cuidados de pré-internamento foram tardios. Este pode ser um dado relevante”, acrescentou o mesmo responsável.

O cenário é tão grave que a Fundação Portuguesa do Pulmão (FPP) vai aliar-se à Universidade do Minho para tentarem descobrir as causas deste cenário.

“A população está mais envelhecida, mas isso não explica tudo”, reconheceu o presidente da FPP, Artur Teles de Araújo: “Os casos internados são mais graves, o que pode indiciar atrasos no diagnóstico e tratamento. Precisamos de avaliar o peso de doenças crónicas na evolução da doença, a relação por exemplo com os incêndios, que parece ter influência”.

O mesmo responsável defendeu a “criação de uma Via Verde Pneumonias para encaminhar de forma rápida os casos graves para os hospitais”, enquanto António Carvalheira Santos preferia uma aposta na reabilitação respiratória.

“Os doentes que fazem reabilitação são um nicho muito pequeno que devia ser alargado”, defendeu o responsável do ONDR: “Apenas um por cento dos doentes que dela beneficiariam têm acesso. Na União Europeia, a média ronda os 30 por cento. Um doente reabilitado está controlado, está educado para a doença e tem capacidade física para fazer as tarefas diárias”.

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