O relatório Planeta Vivo 2014, elaborado pela organização internacional de defesa do ambiente WWF, assenta como um pontapé no estômago: entre 151 países, Portugal é o 27.º na avaliação da pegada ecológica, a medida da pressão humana sobre a natureza.
Os gastos dos portugueses são tão elevados que, para os manter, seriam precisos os recursos naturais equivalentes a 2,6 planetas semelhantes à Terra, tanto mais que o país apresenta uma reduzida biocapacidade (possibilidade de repor os recursos).
“Aos níveis atuais de consumo, precisaríamos de 2,6 planetas para vivermos, o que é completamente insustentável”, avisou a coordenadora do programa da WWF em Portugal, Ângela Morgado, em declarações à Lusa.
A tendência nacional é “seguida em toda a Europa”, segundo a mesma responsável. Portugal tem uma pegada ecológica idêntica à média da União Europeia (4,6), com a Bélgica a ser o membro comunitário que maior pressão exerce sobre a natureza.
“A principal componente dessa pegada, o que torna essa pegada elevada, é o consumo de combustíveis fósseis, é o carbono, [que] chega a representar 50% da pegada e, em Portugal representa 41 por cento, com um ligeiro decréscimo”, acrescentou Ângela Morgado, realçando que esse decréscimo tenha sido motivado pela crise económica.
A WWF aponta ainda, no caso português, a pesca (responsável por 22 por cento da nossa pegada ecológica), a agricultura e as pastagens. Estes três fatores registaram “um ligeiro aumento”.
“São necessárias mudanças” no comportamento dos indivíduos e das empresas para corrigir este grave desequilíbrio, realça a WWF, sob o risco da Terra se esgotar muito mais rápido do que o previsto.
Como os combustíveis fósseis são os principais agentes na pegada ecológica nacional, Ângela Morgado sustenta a necessidade das “mudanças” começarem pela mobilidade, seguida pela alimentação.
“Temos de perceber qual a origem” dos produtos “para tentarmos reduzir ao máximo o componente do carbono”, explicou.
“A pegada ecológica de Portugal é elevada. A insustentabilidade do nosso estilo de vida tem levado à perda da biodiversidade, tanto em casa como no exterior”, frisou a responsável, ao apresentar as conclusões do relatório.
Segundo Ângela Morgado, “as nossas opções de consumo prejudicam os sistemas naturais dos quais dependemos para os alimentos que consumimos, o ar que respiramos e o clima ameno que precisamos”.
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