Só três países da Europa de Leste são piores que Portugal em pobreza energética, segundo um estudo europeu que avaliou a capacidade de famílias manterem as suas casas com temperaturas confortáveis e pagar as faturas da energia.
Usando dados do Eurostat, a rede de organizações ambientalistas Coligação para o Direito à Energia, a que pertence a portuguesa ZERO, concluiu que há 41 milhões de lares nos 28 países que compõem a União Europeia que não conseguem ser aquecidos no inverno e 91 milhões que não conseguem ser refrescados no verão.
Em comunicado, a ZERO aponta o dedo à “inação dos decisores políticos”, reclamando “um programa europeu para melhoria do isolamento térmico e eficiência energética dos edifícios” que faça baixar as faturas da energia.
Portugal, classificado com nível “muito alto” apresenta-se como “um dos piores países europeus no que respeita à pobreza energética” por causa de “baixos rendimentos, edifícios ineficientes sem isolamento e com janelas simples”, equipamentos pouco eficientes, como “lareiras e aquecedores individuais”, assinala a ZERO.
Os “custos elevados” levam a que se gaste pouca energia para aquecer e arrefecer as casas, refere a associação, que pede ao Governo que aposte em “apoios simplificados para salvaguardar as pessoas em condições socioeconómicas mais vulneráveis”.
Abaixo de Portugal na lista do Direito à Energia estão a Eslovénia, a Hungria e a Bulgária. Do outro lado do espetro, Suécia, Finlândia, Dinamarca e Áustria são os países com menos pobreza energética.
Na apreciação global, há 17 países com “níveis significativos de pobreza energética” e na Europa a fatura da energia aumentou 33 por cento entre 2000 e 2014, refere a ZERO citando números da Comissão Europeia, com os agregados familiares a pagarem um ordenado inteiro só para energia em alguns países da União Europeia.
Em casas onde não se consegue impor uma temperatura confortável, vive-se com “níveis mais altos de stress e ansiedade” e complicações de saúde mais pequenas são ampliadas.
“Crianças pequenas que vivem em casas frias e húmidas têm mais do dobro da probabilidade de sofrer de problemas respiratórios e mais 40 por cento de hipótese de sofrer de asma”, refere a Coligação no estudo.
A falta de conforto térmico “está relacionada com 40 por cento das mortes em excesso que acontecem durante o inverno”, mais recorrentes em países com menos condições de habitação.
O problema verifica-se também em relação ao verão porque “à medida que se espera que temperaturas mais altas sejam mais frequentes, a escala da população da União Europeia afetada pela pobreza energética no verão deverá aumentar dramaticamente”.
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