Economia

Portugal é a Grécia, diz a The Economist: “Nenhum dos países parece pronto para dar o salto”

dinheiroPortugal não é a Irlanda, mas a Grécia, diz a The Economist. A “incessante austeridade” criou “uma crise política” e cimentou a ideia “de que a austeridade está a funcionar”, acrescenta a revista, salientando que nem Bruxelas acredita “que Portugal está a afastar-se da Grécia e seguirá a Irlanda”.

Após mais de dois anos em que Portugal tenta descolar da imagem da Grécia, no que concerne aos efeitos e resultados da austeridade imposta pela troika, a conceituada revista The Economist assegura que os dois países mediterrânicos são iguais no sofrimento e na distância, cada vez maior, para uma Irlanda onde o ajustamento tem sido melhor sucedido.

São “os custos de dois anos de austeridade incessante”, refere o artigo, abordando a crise política em Portugal: “o abismo entre os partidos de centro-direita, no poder, e os socialistas é tão largo que as chances de cumprirem o prazo auto-imposto de 21 de julho para chegarem a um acordo são pequenas”.

“Mas o perigo”, continua a análise da revista, “é que, depois de prolongar a crise política em Lisboa por mais algumas semanas, isso possa não levar a lado nenhum, deixando o país exatamente como estava: governado por uma coligação instável e em risco de enfrentar uma eleição antecipada com resultados imprevisíveis”.

Lembrando que os três partidos que negoceiam “o compromisso de salvação nacional” representam cerca de 80 por cento do eleitorado, a The Economist aponta o desejado acordo como essencial para Portugal recuperar a credibilidade externa, garantindo que no futuro o país vai manter uma disciplina orçamental. Só que, com a crise política, “os juros dispararam e as últimas previsões do banco central mostram que a economia vai recuperar timidamente em 2014 depois de três anos de recessão profunda”.

“Esta previsão não deverá fortalecer a confiança em Portugal, Grécia ou no resto da Zona Euro, de que a austeridade está a funcionar. Nem vai apoiar as esperanças de Bruxelas de que Portugal está a afastar-se da Grécia e seguirá a Irlanda, saindo do programa de resgate. Neste momento, nenhum dos países parece estar nem perto disso”, salienta o artigo.

Para além da crise política, “a culpa cabe sobretudo aos cortes maiores do que o esperado no consumo público, que foram necessários para manter o programa de resgate no bom caminho”. Um “bom caminho” que tem deixado Portugal igual à Grécia: “nas lonas”.

“Nenhum dos países parece pronto para dar o salto”, concluem os analistas da The Economist.

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