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Portugal deve a sua liberdade e democracia “também a Agostinho Neto”, segundo Ferro Rodrigues

O presidente do parlamento português enalteceu hoje, em Luanda, o papel “fundamental” de António Agostinho Neto, não só na luta pela independência de Angola, mas também na mudança de regime em Portugal, protagonizada em 1974.

“Convém não esquecer que Agostinho Neto teve um papel fundamental não apenas na libertação de Angola, mas também no 25 de Abril [de 1974] português e a quem, de certa maneira, também devemos a nossa liberdade e a nossa democracia”, afirmou Eduardo Ferro Rodrigues.

O presidente da Assembleia da República de Portugal, que terminou hoje a parte oficial da visita de dois dias a Angola, falava aos jornalistas no final de visitas, primeiro, ao Memorial António Agostinho Neto e, depois, ao Museu da História Militar de Angola.

Agostinho Neto foi um dos principais dirigentes do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), de que foi líder e que combateu o regime colonialista até à independência angolana, em 11 de novembro de 1975, tendo sido o primeiro Presidente do então novo país até 1979, quando morreu.

Questionado pela agência Lusa sobre o que ficou definido nas conversações oficiais mantidas na sexta-feira com a contraparte angolana, liderada pelo presidente da Assembleia Nacional de Angola, Fernando da Piedade Dias dos Santos (“Nandó”), Ferro Rodrigues destacou o reforço da cooperação política bilateral.

“O que é fundamental é que, na reunião entre as duas delegações parlamentares, chegou-se à conclusão que, mais importante do que aumentar a componente técnica do protocolo [de cooperação] entre o parlamento português e angolano, é passar a uma componente política”, explicou.

“[Tem de] haver um conjunto de ações de natureza mais política que una mais vezes os deputados de ambos os países. É muito importante porque é um salto quantitativo muito grande na cooperação entre os dois parlamentos”, acrescentou.

Instado sobre em que se traduz essa “componente política”, Ferro Rodrigues falou de “várias realizações comuns”.

“Participações comuns em reuniões internacionais, acertar posições convergentes e termos uma agenda de realizações políticas para os próximos anos que impliquem os dois parlamentos, o que é muito importante”, acrescentou.

Salientando o “acolhimento extraordinário” de que tem sido alvo por parte das autoridades angolanas desde que chegou, na quinta-feira, a Luanda, Ferro Rodrigues indicou estar a aguardar pela confirmação de uma audiência com o Presidente de Angola, João Lourenço, atualmente de férias em Cuba, após uma visita de Estado.

“Espero ser recebido pelo Presidente de Angola [prevê-se que regresse no domingo a Luanda], mas espero ser recebido na segunda-feira e, depois [terça-feira], temos a cimeira da CPLP [a IX Assembleia Parlamentar da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa] em que estarei cá no primeiro dia, no ato de abertura”, afirmou.

A assembleia parlamentar da CPLP, que decorre de terça a quinta-feira em Luanda, é, aliás, a segunda parte da visita de Ferro Rodrigues a Luanda, estando igualmente previsto que, na segunda-feira, o presidente do parlamento português se reúna com o governador Provincial de Luanda, Sérgio Luther Rescova Joaquim.

Manifestando-se “impressionado” com o Museu de História Militar de Angola, Ferro Rodrigues salientou a importância do local, em plena Fortaleza de São Miguel, “que tem uma vista extraordinária” para a “cidade linda que é Luanda”.

“Também pudemos observar a evolução de Angola, desde o momento em que cá chegou Diogo Cão, à reconquista, por Salvador Correia de Sá, aquando da ocupação holandesa, até aos momentos atuais e até a uma participação, neste museu, das três forças que tiveram a responsabilidade de, muitas vezes, em oposição umas às outras, combaterem o colonialismo, o MPLA, FNLA [Frente Nacional para a Libertação de Angola] e UNITA [União Nacional para a Independência Total de Angola]” referiu.

“Este é um museu que exprime uma verdade histórica objetiva e que, de certa maneira, é uma homenagem histórica a Portugal, com tudo o que teve de bom, a participação portuguesa na construção destas terras, e com tudo o que teve de mau”, acrescentou.

A título pessoal, Ferro Rodrigues lamentou desconhecer o bairro de Luanda onde o pai nasceu, em 1924, para o poder visitar, indicando que as autoridades angolanas lhe prometeram confirmar o local em que foi batizado junto das principais igrejas que então existiam na capital angolana.

“A única coisa que tenho pena é de não ter conseguido em Lisboa saber exatamente qual o bairro em que o meu pai nasceu em 1924. Sei que é muito difícil, mas sei que foi batizado aqui numa das principais igrejas da capital e já me prometeram que iam tentar ver nos assentos de batismo se aparece esse documento”, concluiu.

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