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Portugal deu “passos certos” na luta contra tabaco mas é preciso mais, pede OMS Europa

Um em cada cinco portugueses maiores de 15 anos fuma, menos do que a média europeia (28 por cento), o que demonstra que Portugal deu passos certos, disse hoje uma responsável da OMS Europa, defendendo, no entanto, que “é preciso fazer mais”.

“Atualmente, a taxa de fumadores entre adultos – população acima dos 15 anos – é de cerca de 28 por cento na Europa, [mas] em Portugal é de 20 por cento”, afirmou aos jornalistas a diretora do Programa de Controlo do Tabagismo da Organização Mundial de Saúde (OMS) Europa, Kristina Mauer-Stender, à margem da reunião preparatória dos países da Região Europeia para a Conferência das Partes (COP) da Convenção-Quadro para o Controlo do Tabaco, que decorre hoje e quarta-feira, em Lisboa.

Estes dados demonstram que “Portugal fez algumas coisas certas, mas, claro, todos concordamos que 28 por cento na Europa é demasiado alto, assim como 20 por cento em Portugal é demasiado alto, portanto é preciso fazer mais”, defendeu Kristina Mauer-Stender.

O tabaco representa uma das principais causas evitáveis de doença e de morte prematura em todo o mundo. Em Portugal, o consumo de tabaco é responsável por 10,6 por cento das mortes, tendo, só em 2016, morrido mais de 11.800 pessoas por doenças atribuíveis ao tabaco, o que significa uma morte a cada 50 minutos.

“São vidas perdidas para as famílias, para as crianças, mas também para a economia dos países”, disse Kristina Mauer-Stender, defendendo que é preciso realizar ações para informar as populações sobre os malefícios do tabaco, fazer com que os fumadores larguem o vício e impedir que os jovens comecem a fumar.

Deu como um bom exemplo a campanha realizada recentemente em Portugal, com o título “Opte por amar mais”, uma curta-metragem emotiva baseada nos últimos dados que mostram que, em Portugal, as mulheres estão a fumar mais, ao passo que o consumo tem diminuído entre os homens, que gerou uma discussão acesa no país.

Segundo o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, esta campanha foi “a campanha mais vista em termos de tabaco em Portugal”, estando “a ser utilizada como um bom exemplo em diversos países”.

“Esta campanha, focada muito nas mulheres jovens, trouxe a discussão do tabaco para a primeira linha de prioridade do ponto de vista de comunicação e ajudou, em termos de saúde pública, a ajudar a passar a mensagem”, disse Fernando Araújo, à margem reunião.

O governante destacou os “avanços significativos” feitos por Portugal nesta área, apontando o acesso às consultas de cessação tabágica. “Nos últimos anos aumentámos em mais de 40 por cento os locais [onde se pode ter consultas para deixar de fumar], o que proporcionou que o número de consultas crescesse de forma exponencial”, sublinhou.

No ano passado, também foi reintroduzida a compartição dos medicamentos antitabágicos, disse, sublinhando que “o preço era um fator limitativo no acesso a esses fármacos”.

Com esta medida, que representou um investimento do Estado de cerca de um milhão de euros, o consumo destes fármacos duplicou de 2016 para 2017, afirmou.

No dia 01 de janeiro, entrou em vigor a segunda alteração à Lei do Tabaco, com destaque para a abrangência, no conceito de fumar, dos novos produtos do tabaco sem combustão que produzam aerossóis, vapores, gases ou partículas inaláveis.

“Os novos produtos do tabaco são um problema que está a aumentar em todo o mundo e que felizmente Portugal já está à frente nesse objetivo”, com a nova lei do tabaco, adiantou.

Sobre o facto de Portugal ter sido o palco escolhido pela OMS para a realização da reunião preparatória dos países da Região Europeia, Fernando Araújo disse ser “o reconhecimento internacional da política do Ministério da Saúde na área do tabaco”.

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