A atual crise apenas veio confirmar a tendência: Portugal está cada vez mais distante da Europa. São vários os indicadores que demonstram que o fosso entre a economia nacional e a zona euro está cada vez maior: desde 1999, o diferencial aumentou mais de três por cento.
O programa de ‘ajustamento’ permitiu confirmar que a economia nacional está cada vez mais ‘desajustada’ da zona euro. Desde a entrada em vigor da moeda única, em 1999, que vários indicadores demonstram o aumento do fosso entre Portugal e a Europa, cenário que a atual crise apenas veio agravar.
As contas são avançadas hoje pelo I, que cita os dados do boletim de outubro do Banco de Portugal. “Em termos do valor da economia, o fosso é cada vez mais fundo”, refere o diário: “Portugal afastou-se 10,7 por cento da zona euro desde 1999, um diferencial que ia em 7,1 pontos no final de 2011”.
Um dos exemplos desse distanciamento é o indicador que mede o salário médio de um trabalhador. Ainda antes dos cortes e contribuições extraordinárias dos últimos dois anos, o ordenado de um trabalhador em Portugal valia apenas 55 por cento do salário médio praticado na União Europeia.
O mesmo boletim que serve de base refere outro exemplo: apesar de aliviar a estimativa sobre a recessão no ano em curso, de dois para 1,6 por cento, a mesma contração da atividade económica será “mais pronunciada do que a antecipada para a área do euro”.
“Continuará o processo de divergência real entre Portugal e a média da área do euro, com o alargamento do diferencial negativo acumulado desde o início da união monetária para mais de dez por cento”, refere o boletim do Banco de Portugal, que evidencia a quebra de seis por cento no valor do PIB português só entre 2011 e 2013.
O I adianta ainda que “o fosso previsto para o final deste ano só não é maior” porque o Banco de Portugal terá “abdicado de fazer quaisquer previsões para o próximo ano” com a justificação de ainda não ser conhecido o Orçamento do Estado para 2014, um documento que o Governo tem de apresentar durante este mês.