A primeira declaração de Paulo Portas, depois de a representação do CDS ter sido ouvida pelo Presidente da República, não é mais do que a repetição das palavras de Passos Coelho. “O CDS empenhou-se, juntamente com o PSD, em encontrar uma solução governativa sólida e abrangente”, diz Portas. O acordo dos partidos que formam a maioria é “sólido e abrangente”, afirmara Passos.
A maior prova de que o líder do CDS escolheu bem as palavras nesta sua primeira declaração pública – após a demissão e recuo – encontra-se em duas palavras repetidas por Paulo Portas, o ainda ministro dos Negócios Estrangeiros, proposto como vice-primeiro-ministro, na nova composição do Governo que Cavaco Silva avalia.
“O CDS empenhou-se, juntamente com o PSD, em encontrar uma solução governativa sólida e abrangente, que significa a vontade dos dois partidos em assegurar essa estabilidade e contribuir positivamente para o interesse nacional”, disse Paulo Portas, à saída da audiência com o Presidente da República, no Palácio de Belém.
“Havendo condições de estabilidade e um entendimento sólido e abrangente do quadro da atual maioria, aquilo que nos parece prioritário é evoluir para um ciclo que represente – sem dispensar as obrigações financeiras do país que não desaparecem de um dia para o outro – mas que valorize a economia, as empresas, a criação de emprego, a concertação social, matérias que são importantes”, acrescentou Paulo Portas, reforçando a solidez e abrangência do acordo estabelecido entre PSD e CDS-PP.
Para o presidente do CDS, “há condições de estabilidade e o valor da estabilidade política é relevante não apenas para a governação, mas também para a conclusão do programa de assistência económica e financeira que Portugal negociou com a missão externa”.
O remate final nesta curta declaração – que se assemelha muito à declaração de Passos Coelho – foi a deixa para escapar a perguntas dos jornalistas, que confrontaram Portas com a irrevogabilidade de uma decisão afinal de contas revogável.
“Respeitamos inteiramente a avaliação que o Presidente da República entendeu fazer da atual situação política e por isso respeitamos o papel e a função da Presidência da República, o que me leva a não fazer mais qualquer comentário neste momento”, concluiu Paulo Portas.