“Odair Moniz não tinha faca na mão. Por que é que a polícia mentiu?”
Os desacatos na Área Metropolitana de Lisboa, derivados da morte de Odair Moniz, são em parte motivados pela própria PSP, de acordo com Fabian Figueiredo.
O líder parlamentar do Bloco de Esquerda acusa a PSP de colocar “um facto falso no comunicado”. Em causa está a declaração de que Odair Moniz, baleado mortalmente por um agente da PSP na Cova da Moura, na Amadora, na madrugada de segunda-feira, após uma perseguição policial.
No bairro do Zambujal (Amadora), onde Odair Moniz residia, clama-se por “justiça”. E há três noites que se registam desacatos, com autocarros e caixotes do lixo incendiados em zonas como Arrentela (Seixal), Pontinha (Odivelas) ou Santo António dos Cavaleiros (Loures).

E o comunicado do PSP, ao referir “uma mentira”, veio incendiar ainda mais os ânimos, no entender do líder parlamentar do Bloco de Esquerda, que exige explicações à PSP.
“O comunicado da polícia disse uma mentira e isso é preocupante. Isso é grave. Os próprios agentes disseram à Polícia Judiciária que Odair Moniz não tinha uma faca na mão quando foi abordado pela polícia”, salienta Fabian Figueiredo.
“Por que é que a direção nacional da PSP decidiu colocar um facto falso no comunicado? Isto não dá confiança na comunicação da polícia. Nós estamos num momento extremamente sensível e as pessoas precisam de acreditar na palavra da polícia”, reforça o dirigente bloquista, em declarações no programa ‘360’ da RTP3.
“Mal de nós se acreditamos que os polícias atiram para matar”
Porém, no mesmo programa esteve o líder parlamentar do Chega, com uma visão totalmente contrária. Pedro Pinto sai em defesa dos polícias e insinuou que a esquerda tem propagado uma ideia de que há agentes dispostos a “atirar a matar”.
“Não acredito que haja um agente que tenha atirado a matar. Não acredito que alguém que veste uma farda queira matar. Não acredito. E mal de nós, num Estado de Direito, se quisermos acreditar que os polícias estão a atirar para matar”, garante.
“Não podemos é sofrer na pele aquilo que os polícias sofrem na pele todos os anos. São centenas, aliás, são milhares de polícias agredidos todos os anos”, conclui Pedro Pinto.