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População foge das correntes e lama que arrasam aldeias no centro de Moçambique

Glória Pedro viu as suas duas casas serem engolidas pela água e lama em Chiluvo, aldeia do centro de Moçambique, depois da passagem do ciclone Idai e das cheias que assolam a região desde quinta-feira à noite.

“O que me alertou foi o barulho”, disse à Lusa a moçambicana de 34 anos na aldeia onde, como tantas outras, as casas são feitas de materiais precários – barro e capim – e a população vive da agricultura de subsistência.

Nada tem resistido à fúria do ciclone e das águas: por toda a região, as casas estão destruídas (mesmo as de alvenaria sofreram estragos consideráveis), os campos submersos e os alimentos perdidos numa emergência humanitária ainda por avaliar.

Chiluvo, junto a Nhamatanda, Sofala, ilustra o drama que se vive por toda a região centro de Moçambique, especialmente nas províncias de Sofala e Manica, onde já haverá entre 73 a 84 mortes confirmadas, segundo números oficiais até esta segunda-feira, e milhares a precisar de socorro por permanecerem isolados numa região alagada.

Glória Pedro e a família recorrem agora à ajuda de parentes para se abrigarem e tentarem satisfazer as necessidades básicas.

À volta da aldeia a estrada está destruída, mas os carros e camiões arriscam passar, numa altura em que se prevê que os rios voltem a subir.

O monte Chiluvo é também aquele onde estão implantadas as principais torres de telecomunicações para a região centro de Moçambique.

Um morador contou que no último sábado se ouviu uma espécie de explosão e, de repente, formou-se um rio de lama que desceu rápido, em direção às habitações.

“Eu estava dentro de casa com os meus filhos, quando saímos vimos lama descendo para a estrada e para as casas e fugimos”, disse à Lusa Carlitos Francisco.

A família perdeu a casa, alimentos e fugiu de um rio de lama.

Uma empresa chinesa que reabilita a estrada nacional 6, espinha dorsal do centro de Moçambique, mobilizou, entretanto, uma escavadora para retirar o entulho, mas aquela via permanece submersa e, nalguns pontos, destruída.

Outro morador contou que quando alguns moradores avistaram a lama, começaram a fugir, alertando os restantes para o perigo, o que permitiu evitar o pior.

O presidente moçambicano, Filipe Nyusi, sobrevoou de helicóptero, no domingo, a região alagada após a passagem do ciclone Idai pelo centro de Moçambique e apelou ao salvamento da população que ficou isolada.

O chefe de Estado encurtou no sábado uma visita oficial a Essuatini (antiga Suazilândia) e viajou diretamente para a cidade da Beira, cujo aeroporto voltou no domingo a receber voos domésticos.

Nyusi destacou membros do Governo para a capital provincial, que está parcialmente destruída, por forma a agilizarem um balanço que permita tomar decisões quanto ao apoio humanitário na reunião de terça-feira do Conselho de Ministros.

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