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População angolana quase triplicou e moçambicana mais do que duplicou em 15 anos

A população em Angola quase triplicou nos últimos 15 anos e mais do que duplicou em Moçambique de acordo com o relatório anual das Nações Unidas sobre o Estado da População em 2019 hoje divulgado.

A população angolana ascende em 2019 a 31,8 milhões de pessoas, número que contrasta com 13,8 milhões em 1994 e menos de metade desse número em 1969 (6,6 milhões), segundo o relatório.

Esta evolução, que cobre o período o final da guerra em Angola, encontra crescimentos equivalentes em vários indicadores apresentados no relatório da ONU.

No conjunto dos países africanos de expressão portuguesa, Angola é o que está a crescer mais rapidamente, com uma taxa média de crescimento anual entre 2010-2019 de 3,4 por cento, e é também aquele em que a esperança média de vida mais aumentou: 19 anos quando comparados os dados relativos a 1994 (43 anos) e 2019 (62 anos).

O bloco de países da África Ocidental e Central, em que Angola se enquadra, com um ritmo de crescimento populacional anual nos 2,7 por cento no período em análise, regista números inferiores de esperança vida à nascença: 41 anos em 1969, 49 anos em 1994 e 58 anos em 2019.

Também Moçambique regista taxas de crescimento rápido da população, 9 milhões em 1969, 15,2 milhões em 1994 e mais do dobro quinze anos depois, 31,4 milhões em 2017, a um ritmo médio anual de 2,9 por cento entre 2010 e 2019 e a esperança média de vida a registar uma evolução semelhante à angolana: 39 anos em 1969; 45 em 1994 e 60 anos em 2019.

Na área geográfica em que Moçambique se insere, a da África Oriental e Meridional, o ritmo médio de crescimento anual da população foi de 2,7 por cento entre 2010 e 2019, e a esperança de média de vida no nascimento foi de 46 anos, 49 anos e 64 anos nos três anos analisados: 1969, 1994 e 2019.

As taxas de crescimento populacional são igualmente expressivas em países como São Tomé, a Guiné-Bissau ou mesmo Cabo Verde, mas reportam-se a universos populacionais não comparáveis. O número da população são-tomense, por exemplo, duplicou entre 1994 e 2019, sendo que dos 0,1 para os 0,2 milhões de habitantes.

A Guiné-Bissau passou dos 0,7 milhões em 1969 para 1,1 milhões em 1994 e para os 2 milhões em 2019 e Cabo Verde dos 0,3, 0,4 e 0,6 milhões no mesmo período, mas este é, entre os países africanos de expressão portuguesa, aquele que regista a melhor evolução no indicador relativo à esperança média de vida: 53, 66 e 73 anos nos anos acima referidos.

Na Guiné-Bissau, por exemplo, a esperança média de vida ao nascer está atualmente nos 59 anos, contra 51 anos 1994 e 41 em 1969. Já a esperança média de vida são-tomense é atualmente de 67 anos, contra 62 anos em 1994.

Timor-Leste apresenta também um crescimento populacional rápido: 0,6 milhões em 1969; 0,9 milhões em 1994 e 1,4 milhões em 2019, a um ritmo médio anual de 2,2 por cento entre 2010 e 2019. A esperança média de vida timorense está também entre as que mais subiu, no conjunto dos países de expressão portuguesa, 18 anos, quando comparados os anos de 2019 (70 anos à nascença) e 1994 (52 anos).

O comportamento da taxa global de fecundidade por mulher acompanha o dos indicadores referidos. Nos três anos em estudo no relatório, 1969, 1994 e 2019, foi em Portugal, por exemplo, de 3 filhos, 1,5 e 1,2, e de 7,6, 7,0 e 5,5 filhos em Angola; 6,8, 6,0 e 5,1 filhos em Moçambique e de 6, 6,1 e 5,2 filhos em Timor-Leste.

Cabo Verde apresenta, neste indicador, registos inferiores à média mundial (2,5 filhos em 2019) e ligeiramente acima da média registada nos países mais desenvolvidos (1,7 filhos), com valores de 7 filhos por mulher em 1969, 4,7 filhos em 1994 e 2,2 filhos em 2019.

O relatório das Nações Unidas debruça-se também sobre as questões do planeamento familiar e da fecundidade adolescente, estudou o uso de anticoncecionais, através de métodos modernos e outros, mas olha ainda para as questões da mortalidade materna ou revela números que apontam as condições de assistência especializada à maternidade.

No universo dos países africanos de expressão portuguesa, alargado a Timor-Leste, por cada 100.000 nascimentos em dois anos analisados (1995 e 2015), o número da mortalidade materna caiu para quase menos de um quarto em Timor-Leste (958/215); menos de um terço em Cabo Verde (170/42); e para quase este registo em Moçambique (1210/489) e ainda para menos de metade em Angola (1180/477). São Tomé (271/156) e, sobretudo, a Guiné-Bissau (799/549) apresentam números piores.

No âmbito da saúde e dos direitos sexuais e reprodutivos, a taxa de uso de anticoncecionais por mulheres dos 15 aos 49 anos, por qualquer método, era de 63 por cento nas regiões mais desenvolvidas do mundo em 2019, mas de 66 por cento em Cabo Verde e de apenas 22 por cento entre os países da África Ocidental e Central ou de 42 por cento na região da África Oriental e Meridional.

Os restantes países de expressão portuguesa em análise comparam pior neste indicador: em Angola apenas 17 por cento daquele grupo de mulheres recorre ao uso de anticoncecionais; na Guiné-Bissau a taxa é de 20 por cento; em Moçambique é de 30 por cento, em São Tomé de 44 por cento e em Timor de 29 por cento, segundo os dados da ONU.

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