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“Políticos não acreditam nos controlos de transparência”, diz Manuela Ferreira Leite

A lei da transparência volta a ser debatida no Parlamento, o que tem um significado óbvio para Manuela Ferreira Leite: “São os próprios deputados a pensar que isso não é suficiente e cada vez apertam mais os controlos”.

No comentário semanal para a TVI, a antiga ministra das Finanças abordou o “estigma” que paira sobre a classe política, que aos olhos da sociedade peca pela falta de transparência.

“De cada vez que se legisla sobre esta matéria, introduzindo mais restrições, introduzem-se mais suspeitas do que aquelas que eu acho que seriam normais”, considerou a ex-presidente do PSD.

“Não tenhamos dúvidas, com certeza que existe corrupção”, reforçou: “Mas não posso generalizar e achar que qualquer pessoa que se dedica a uma atividade política é corrupta”.

Manuel Ferreira Leite afirmou mesmo que há leis sobre transparência “bastante excessivas” e deixou até um exemplo do que considera “um exagero”.

“Não é possível um político, neste momento, receber uma lembrança de alguém, nem que seja um cinzeiro da Vista Alegre”.

“Em qualquer profissão ou classe existe sempre alguém que tem comportamentos inaceitáveis”, insistiu a comentadora: “As situação condenáveis devem ser punidas, mas o estigma que está lançado sobre a classe política é generalizado”.

O mais grave da situação é que acabam por ser “os próprios políticos”, nomeadamente os deputados, que escrevem e aprovam as leis, “que não acreditam nos controlos que já existem”.

“De cada vez que se legisla, são os próprios deputados a pensar que isso não é suficiente e cada vez apertam mais os controlos”, afirmou Ferreira Leite.

Esse excesso de leis sobre transparência “lança uma suspeição de tal forma pesada sobre a classe política que neste momento é quase irrespirável”.

Para a ex-ministra, essa suspeita afeta gravemente a credibilidade da classe política, “o que põe em bastante perigo a democracia”.

Manuela Ferreira Leite deixou ainda um aviso: a este ritmo, só quem for profissional da política é que se vai dedicar à causa pública.

“Não será possível seleccionar-se, entre a sociedade civil, pessoas que queiram dedicar parte do tempo à atividade política. Estamos a caminhar para a profissionalização dos políticos, que ficam com toda a vida condicionada pela profissão”, alertou.

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