A tomada da escadaria do Parlamento pelos polícias em protesto, na quinta-feira, vai ser dissecada pela Inspeção-Geral da Administração Interna. “Estamos a analisar, não há processo de inquérito, nem disciplinar”, adianta a inspetora-geral Margarida Blasco.
A tomada da escadaria do Parlamento pelas forças de segurança, durante a “manifestação dos polícias” da última quinta-feira, está a ser analisada pela Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI). O organismo responsável por fiscalizar a atividade policial abriu um processo de averiguações a esta “situação obviamente grave”, como revelou a inspetora-geral, Margarida Blasco.
“Estamos a analisar ponto a ponto e a ver se houve alguma infração”, adiantou a responsável, citada pela Lusa, acrescentando que ainda é cedo para tomar outros procedimentos: “estamos a analisar, não há processo de inquérito, nem disciplinar. Estamos a fazer um processo de acompanhamento e de averiguações relativamente aos factos que ocorreram”.
Esse “acompanhamento” é baseado no comportamento dos manifestantes – estiveram presentes profissionais de PSP, GNR, SEF, ASAE, polícia marítima, guardas prisionais, polícia municipal e PJ – e dos polícias destacados para garantir que o protesto não subia à escadaria, como veio a acontecer pela primeira vez.
“Temos que ponderar cada uma das situações e depois dessa ponderação tomaremos uma decisão”, salientou Margarida Blasco, estimando que o processo de averiguações demore cerca de oito dias.
A tomada da escadaria pelos manifestantes teve como primeira vítima o diretor nacional da PSP: no dia seguinte à manifestação, o superintendente Paulo Valente Gomes colocou o lugar à disposição e o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, substituiu-o pelo superintendente Luís Farinha, que hoje foi empossado no cargo. Foi à margem dessa cerimónia que a inspetora-geral revelou a abertura do processo de averiguações.
Em causa esteve o protesto de quinta-feira, uma vez que os manifestantes – ligados às forças e serviços de segurança – não só derrubaram a barreira policial como, pela primeira vez, levaram os protestos pela escadaria acima. ‘Conquistada’ a entrada principal da Assembleia da República, os protestantes cantaram o hino nacional e desmobilizaram-se voluntariamente.